Nesta sexta-feira, o Rio de Janeiro saberá o resultado de sua terceira investida consecutiva para tentar sediar os Jogos Olímpicos. Assim como em outras candidaturas, o projeto é baseado em belezas naturais e no perfil do festivo do povo. No entanto, a cidade nunca teve tantas chances de receber a competição como agora. A mudança no status deve-se, sobretudo, a uma previsão recorde de investimento: US$ 14,4 bilhões, mais do que o dobro das outras finalistas. Só o governo federal brasileiro garantiu um aporte de R$ 800 milhões para a realização das Olimpíadas no país. A competição é tratada pelas autoridades locais como uma possibilidade única de impulso para obras estruturais e para o desenvolvimento da região. ?Nós recebemos sólidas garantias e uma série de documentos que nos fazem acreditar que a parte financeira não será um problema?, disse Nawal El Moutawakel, presidente da comissão de avaliação do Comitê Olímpico Internacional. A parte financeira, contudo, não foi o principal argumento usado pelo Rio de Janeiro para tentar convencer o COI. As apresentações da cidade foram baseadas no tema ?viva sua paixão?, que tenta resumir o perfil acolhedor do povo local e as belezas de uma cidade que tem praias como bandeiras de turismo. Outra aposta do Rio de Janeiro é a estrutura que a cidade precisará desenvolver para a decisão da Copa do Mundo de 2014, que será realizada no Brasil. Esse foi outro argumento utilizado pela cidade em suas conversas e apresentações ao COI. ?Muito da infraestrutura que nós colocamos na proposta estará pronto para a Copa do Mundo. Nós temos certeza que a Copa vai ter enorme impacto no nosso país e que causará uma transformação na cidade, mas é claro que as Olimpíadas produzem uma mudança ainda maior?, projetou o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes. O otimismo do prefeito contraria as críticas que o Rio recebeu de seus rivais. Nesta semana, o prefeito de Chicago, Richard M. Daley, disse que a cidade não tem condições de realizar eventos de grande porte como a Copa do Mundo e as Olimpíadas em um período tão curto. Além disso, José María Odriozola, vice-presidente do Comitê Olímpico Espanhol e presidente da Federação Espanhola de Atletismo, disse que o projeto carioca é o mais fraco entre os quatro finalistas e que se baseia apenas em promessas. O Rio de Janeiro protestou formalmente ao conselho de ética do COI depois das duas críticas. O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, tentou minimizar as reprovações: ?Nosso entusiasmo e a nossa convicção de que podemos vencer a disputa estão reforçados pela repercussão positiva que o projeto teve. Não vamos falar de nenhum concorrente?. Lula é um dos principais artífices do lobby brasileiro em Copenhague, cidade que sediará o anúncio do COI nesta sexta-feira. Ele lidera uma delegação brasileira que conta com personalidades do esporte, como Pelé, Guga e César Cielo, e o escritor Paulo Coelho. Na apresentação ao COI, Lula será o principal entre os oito oradores da candidatura brasileira. Também falarão o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, e o chefe da candidatura, Carlos Arthur Nuzman, entre outros.