Somente com cinco candidaturas malogradas no passado e o projeto vitorioso do Rio de Janeiro para os Jogos Olímpicos de 2016, o Brasil gastou mais de R$ 180 milhões. Some-se a esse valor um investimento de US$ 14,4 bilhões que o país projetou na proposta apresentada ao Comitê Olímpico Internacional, escolhida nesta sexta-feira. E ainda assim, com cifras tão vultosas, as autoridades locais não se cansam de repetir que será um excelente negócio do ponto de vista financeiro. Segundo um estudo encomendado pelo Ministério do Esporte, a Olimpíada provocará uma movimentação econômica de US$ 51,1 bilhões no mercado brasileiro entre 2009 e 2027. A conta que o governo faz é que cada dólar investido na preparação do país para os Jogos deve gerar outros US$ 3,26 colocados pela iniciativa privada em setores ligados ao evento. Curiosamente, o impacto será menor no período entre o ano atual e 2016 (US$ 24,6 bilhões) do que após a realização dos Jogos (US$ 26,5 bilhões). O estudo feito para o Ministério mostrou que a realização das Olimpíadas no Rio de Janeiro terá repercussão em 55 segmentos da economia brasileira, com maior impacto na construção civil (10,5% de crescimento) e nos serviços imobiliários (6,3% de previsão de evolução). Até 2016, o governo calcula que os Jogos proporcionarão uma ascensão de US$ 11 bilhões no Produto Interno Bruto (PIB) do país. Um caso a ser considerado com mais detalhamento é o turismo. O Rio de Janeiro já é um dos destinos mais procurados do planeta ? ocupa a 35ª posição nesse ranking atualmente, com 2,2 milhões de turistas por ano. Pequim e Londres, as duas últimas cidades escolhidas como sedes das Olimpíadas, aparecem bem à frente nesse ranking. Portanto, a realização dos Jogos é uma oportunidade para o desenvolvimento de um plano específico para o setor. Outro dado importante é a previsão que o governo faz sobre a geração de empregos. A Olimpíada de 2016 deve abrir 120 mil vagas por ano até o ano do evento e outras 130 mil a cada temporada depois dos Jogos. Isso quer dizer que apenas a previsão de crescimento na arrecadação da União com impostos serviria para pagar 97% da previsão de gastos com o evento. As autoridades responsáveis pelo projeto brasileiro ainda adicionam a essa conta sobre o impacto no país o legado estrutural e esportivo que as Olimpíadas proporcionarão ao país, que funciona como um coeficiente intangível para a definição clara de um valor. Segundo um estudo feito pela Golden Goal Sports Ventures, o impacto total dos Jogos de 2012 no Reino Unido será de R$ 7,2 bilhões. A realização dos Jogos ainda está diretamente alinhada com a bandeira de crescimento econômico defendida pelo atual governo brasileiro. O projeto carioca cita uma previsão feita pelo Banco Mundial sobre a economia do país, que deve ser a quinta do mundo em 2016. Mas se as Olimpíadas produzem tantos resultados positivos na economia, aceleram o desenvolvimento econômico e fomentam o crescimento do país, por que não existe um consenso sobre a viabilidade econômica do evento? A história mostra que o impacto é positivo, mas precisa estar alinhado a uma política focada em várias áreas e deve considerar a realidade do país. O maior exemplo disso é Montreal, sede dos Jogos em1976. A dívida pública da cidade cresceu US$ 1,4 bilhão em função da competição, conta que só acabou de ser paga em 2006.