Líder do quadro de medalhas nas Olimpíadas de 2008, em Pequim, com 51 ouros, a China usou o esporte como bandeira de seu desenvolvimento econômico e social ? o país teve média de crescimento de 11,45% entre 1991 e 2003, mais do que o dobro do padrão mundial. No entanto, segundo uma análise da consultoria Economist Intelligence Unit, a atividade física ainda é subaproveitada e jogada para baixo na nação asiática. Em análise publicada em seu site oficial, a EIU critica o modelo chinês de esporte e mostra que ele tem um nível de desenvolvimento inferior ao de outros segmentos no país. Realizada entre julho e setembro de 2009, a pesquisa lembra que a maioria dos atletas chineses provém de programas desenvolvidos pelo Estado, a despeito de a China ter propalado sua abertura de mercado e a globalização do país. Os resultados são baseados em uma série de entrevistas com atletas, técnicos, funcionários de ligas, empresas, consultores de marketing esportivo e responsáveis por mídia. Alguns exemplos contrariam a lógica estatal de desenvolvimento esportivo na China, como o crescimento de atletas que bancam a própria estrutura de treinamento para turbinar o lucro em modalidades individuais ? os tenistas Zheng Jie e Li Na são exemplos dessa política. A lógica mais comum, contudo, é o esporte dependente da ação estatal e com participação tímida de grandes empresas. Adidas e Nike, por exemplo, investem mais em categorias de base do que no esporte de alto rendimento da China. Isso acontece porque o segmento profissional é amplamente dominado pela Li Ning, empresa de material esportivo do país que recentemente fechou um acordo com a russa Yelena Isinbayeva. A dependência de ação estatal é comprovada por outros tópicos abordados pelo estudo da EIU. A pesquisa mostrou que poucas federações esportivas da China têm planejamento de branding ou marketing e que a maioria dos atletas não possui representação comercial. Até a mídia é dominada por uma rede estatal no segmento esportivo. Os acordos para a transmissão de esportes locais são fechados por valores inferiores aos praticados por ligas esportivas em outros países, o que diminui o poder econômico das federações. Outro ponto importante é que a indústria esportiva da China é mais focada em atletas do que em ligas ou times. O país vende o sucesso individual de Yao Ming, estrela do Houston Rockets na liga norte-americana de basquete, e ele é o responsável por um crescimento de popularidade que a modalidade vivenciou nos últimos anos.