?Não há a menor chance de ganhar?, avisou o piloto Klever Kolberg nesta terça-feira, na apresentação oficial da Valtra Dakar Eco Team, equipe que disputará o rali Dacar no início do próximo ano. O pessimismo do piloto sobre suas chances revela a principal estratégia do time para a prova: a partir do uso do etanol como combustível, fortalecer o debate sobre o uso de energia sustentável. A despeito de fornecer mais potência ao motor, o etanol representará dois grandes desafios para a equipe de Kolberg no Dacar. Além de ter uma autonomia menor do que a gasolina ou o diesel, o combustível é mais pesado. No total, a mudança representará um incremento de 200 quilos no tanque do carro da Valtra Dakar Eco Team. ?A meta para a próxima edição não é competitividade, e sim mostrar ao mundo que é possível usar etanol e disputar provas de alto nível com um combustível sustentável?, avisou Kolberg. Além do piloto, a Valtra Dakar Eco Team terá Giovanni Godoi como navegador no Dacar. Em 2010, o rali será disputado pela segunda vez em um percurso que passa por Argentina e Chile. A prova acontecia originalmente entre Europa e África, mas migrou para a América do Sul no ano passado depois de a edição anterior ter sido cancelada por ameaças terroristas. O time de Kolberg e Godoi terá patrocínios de Valtra, Basf, Mitsubishi, Cosan, Única, Pirelli, Fremax e Magnetti Marelli, e será apoiado por Artfix, Sparco e Waiver. Nesta terça-feira, a entrevista coletiva serviu como um aviso para todas essas marcas. ?Vamos pagar pelo pioneirismo. Usaremos algo novo, e sabemos que isso demanda tempo. Nas primeiras etapas, vamos até levantar o pé para ver como o carro se comporta?, afirmou o piloto. Portanto, a aposta da equipe no Dacar será o desenvolvimento de um projeto em detrimento do desempenho. O time disputará a categoria experimental, que limita a participação a veículos que utilizem 100% de biocombustível. A montagem de um carro movido a etanol custou o dobro do que seria necessário para preparar o mesmo veículo com gasolina ou diesel, planejamento desenvolvido no início do ano, quando o mercado ainda vivia incertezas decorrentes da crise financeira internacional. ?Se eu soubesse que fecharíamos o ano com uma situação tão quente, teria pedido mais dinheiro. Nossos fornecedores estão atolados de coisas, sempre com muitos pedidos. Na época em que nós começamos a desenhar não era o momento ideal para lançar, mas nós vimos uma oportunidade na dificuldade. O budget é menor do que eu queria ou do que seria se o projeto tivesse sido montado agora, mas o importante é que vai sair?, confirmou Kolberg.