Dunga é mal-humorado, cabeça dura, teimoso. Quantos adjetivos pejorativos lhe foram atribuídos desde que ele entrou no comando técnico da seleção? Ainda assim, ele tem sido uma figura constante em comerciais de televisões, goza de patrocínios e de empresas que apostam em seu nome, dividindo espaço com estrelas de seu time que têm apelidos bem mais generosos. O técnico da seleção brasileira de futebol tem posição privilegiada para isso. Tem um dos empregos mais vistos do país, uma das funções mais respeitadas do mundo do esporte. Apenas com a sua condição ele já deve ter a atenção de empresas, pelo menos é o que afirma Fábio Wolff, executivo da Wolff Sports & Marketing: ?o patrocínio está associado ao cargo. Jogadores têm carisma, mas ele é o técnico da seleção brasileira?. Por outro lado, Dunga tem se firmado como líder vencedor dentro de um grupo que caiu em desgraça após o fracasso na Copa do Mundo da Alemanha, em 2006. Naquele ano, os abusos durante a concentração dos jogos ficaram publicamente conhecidos e a imagem do time um tanto arranhada. O novo técnico veio com ar autoritário, mas que deu resultado em curto prazo. ?O comprometimento e o profissionalismo são as qualidades que a seleção precisa. E ele tem passado isso. Esses são valores que as empresas querem se associar?, afirma o consultor na área de gestão estratégica de mercados, Antônio Cosenza. É por essa necessidade de imagem vencedora que Dunga pode ter carreira curta como garoto-propaganda. Sua pessoa deverá estar associada ao seu desempenho na Copa de 2010. Se perder, será o técnico que não quis levar Ronaldinho Gaúcho e Paulo Henrique Ganso. Se vencer, será o estrategista que fechou o grupo da seleção com antecedência. ?Se fracassar, ele será punido. Por outro lado, o sucesso ele vai levar até o fim da vida útil dele como técnico?, reitera Cosenza. As condicionais deixam Dunga na posição de um nome perigoso para uma aposta no marketing. Para Oliver Seitz, especialista em indústria do futebol, ?se você tem hoje o movimento aparentemente negativo em relação a ele, é uma operação de risco. Hoje chamam o Dunga de burro, e isso pode ter um reflexo. Pode se imaginar que a empresa também é burra?. Muitas empresas não têm pensado no risco e Dunga tem aparecido nas mídias com alguma frequência. Rafael Plastina, especialista em marketing e retorno de mídia, explica o anseio em usar o treinador como chamariz para determinada marca: ?Dunga é um técnico vitorioso e de carreira curta. Mais vitorioso que ele, só o Guardiola, que ganhou quase tudo o que disputou. O Dunga tem personalidade, características marcantes, e isso é interessante para as marcas. Se hoje eu fosse o diretor de marketing e meu produto tivesse efetivamente enquadramento com o perfil, eu patrocinaria?.