A distribuição de público nos estádios teve alteração contundente entre as duas últimas edições da Copa do Mundo. Depois de um torneio restrito e organizado na Alemanha, a Fifa adotou postura mais frouxa em 2010 e dificultou a vida de alguns torcedores na África do Sul. Na Alemanha, credenciais de imprensa não eram suficientes para entrar em um estádio. Além disso, o profissional precisava ter um ingresso de mídia referente ao jogo ou estar cadastrado entre as pessoas que trabalhariam naquela partida. A regra mudou para este ano. Na África do Sul, a imprensa tem apresentado apenas a credencial para conseguir entrar nas tribunas dos estádios. A Fifa realizou o mesmo cadastro prévio e a mesma distribuição de ingressos de mídia do Mundial passado, mas não tem exigido esses documentos na entrada. Soma-se a essa postura mais frouxa um aspecto cultural: nos estádios da África do Sul, assim como no Brasil, não existe o costume de o torcedor respeitar lugares marcados. Essa é uma prática comum no país da Copa apenas em modalidades como o rúgbi. Na Copa do Mundo, o controle de entrada tem sido mais dócil e não há restrição total sobre os lugares marcados. Isso criou dificuldades para torcedores acostumados com o comportamento europeu no futebol. Nesta segunda-feira, por exemplo, um senhor paramentado com camisa e bandeira da Suécia chegou ao estádio Soccer City aos 15min do primeiro tempo do jogo entre Holanda e Dinamarca. Procurou o lugar marcado em seu ingresso, que ficava colado a uma grade. O espaço estava ocupado por um grupo de torcedores dinamarqueses, e o senhor com vestimentas suecas procurou a segurança para pedir ajuda. Em vez de um auxílio para retirar os dinamarqueses, ele recebeu como instrução procurar outro lugar para se sentar. A única restrição pesada da Fifa com o público nos estádios é relacionada à exposição de faixas. A segurança das arenas sul-africana tem sido tolerante com bandeiras e banners que exaltam cidades ou países, mas retira todas as manifestações escritas.