A primeira rodada da Copa do Mundo de 2010, disputada na África do Sul, já conseguiu frustrar a Fifa e o comitê organizador local (COL). Com uma média decrescente de público nos estádios, o torneio não atingiu patamares almejados pelos responsáveis antes do início das partidas. No dia 9 de junho, dois dias antes do primeiro jogo, o COL anunciou que havia vendido 97% dos ingressos disponíveis para a Copa do Mundo, patamar semelhante ao que a Alemanha havia registrado nos dias que precederam o início do torneio de 2006. Terminada a primeira rodada, contudo, relatórios publicados pela Fifa indicam que a média de ocupação das arenas não chegou sequer aos 92% (o índice exato foi 91,97%). O curioso é que a média foi decrescente. Nos cinco primeiros jogos do Mundial, houve estádios repletos em quatro ? a exceção foi Coreia do Sul x Grécia, disputado em arena com capacidade para 42.486 pessoas, que levou apenas 31.513 torcedores às arquibancadas. Depois disso, a única partida que chegou perto de vender todas as entradas foi o duelo entre Alemanha e Austrália. O jogo aconteceu em Durban, e o estádio com capacidade para 62.760 pessoas teve cem lugares vazios. No entanto, houve discrep”ncias maiores. Impossível não se assustar com os espaços vagos em Argélia x Eslovênia e em Japão x Camarões, superiores a dez mil cadeiras. O duelo entre Nova Zel”ndia e Eslováquia foi ainda pior: responsável pelo menor público da primeira rodada (23.871 pessoas), o jogo deixou de preencher quase 15 mil lugares no estádio de Rustenburgo, menor arena usada nas estreias. A África do Sul ainda aproveitou vendas a grandes grupos para amenizar os buracos nas arquibancadas. Durante os jogos disputados em Johanesburgo, por exemplo, tem sido comum ver um setor dos estádios preenchido por grupos de estudantes uniformizados (não com adereços relacionados às seleções que estão em campo, mas com roupas de suas escolas). A sensação de problema nas vendas fica ainda mais clara quando se olha para os camarotes. Segmento que rendeu US$ 250 milhões à Fifa na Copa do Mundo de 2006, a área corporativa dos estádios levantou apenas US$ 110 milhões neste ano. Espaços totalmente vazios nessas faixas têm sido corriqueiros. Outro problema relacionado a público é o fan fest. Os parques criados pela Fifa, sensações da Copa do Mundo da Alemanha em 2006, não conseguiram emplacar grandes festas ou grandes públicos neste ano. A diferença climática entre o verão do torneio passado e o rígido inverno de 2010 é uma influência evidente para isso. Segundo dados da Fifa, os fan fests já passaram de um milhão de pessoas mundialmente (há dez parques na África do Sul e outros sete espalhados pelo planeta). Todavia, 400 mil desses espectadores foram registrados no primeiro jogo da Copa do Mundo, quando os anfitriões empataram por 1 a 1 com o México. Somadas, todas as outras partidas obtiveram mais ou menos o dobro disso.