A Copa do Mundo Feminina de 2023, que será disputada entre 20 de julho e 20 de agosto na Austrália e na Nova Zelândia, terá uma premiação total de US$ 152 milhões. O valor é três vezes maior que o que foi pago na França, em 2019, e dez vezes maior que o distribuído no Canadá, em 2015. De acordo com a Fifa, o montante inclui o financiamento para a preparação das seleções e o pagamento pela liberação dos clubes.
No entanto, apesar de muito mais robusta que nas edições anteriores, a premiação ainda fica muito abaixo da que é paga no torneio masculino. No Mundial do Catar, no ano passado, por exemplo, foram distribuídos US$ 440 milhões, quase o triplo em relação ao que será pago na edição feminina menos de um ano depois.
Ao revelar os valores, o presidente da Fifa, Gianni Infantino, afirmou que quer premiações iguais nas próximas edições do evento, em 2026 (masculino) e 2027 (feminino). Para isso, porém, destacou que será preciso que as emissoras que adquirirem os direitos de transmissão desembolsem mais pelos direitos da Copa do Mundo disputada pelas mulheres.
Segundo o dirigente, em alguns casos, as ofertas para os direitos da Copa do Mundo Feminina foram 100 vezes menores em relação ao torneio masculino.
“Nossa ambição é ter igualdade nos pagamentos da Copa do Mundo Masculina de 2026 e da Copa do Mundo Feminina de 2027. Este é o objetivo que nos propusemos. A Fifa está avançando com ações, não apenas com palavras. Mas, infelizmente, esse não é o caso de todos na indústria. As emissoras e os patrocinadores precisam fazer mais. A Fifa está recebendo ofertas entre 10 e 100 vezes inferiores para a Copa do Mundo Feminina”, destacou Infantino, durante o Congresso da Fifa em Ruanda, na África, em que foi eleito sem oposição para um novo mandato de quatro anos.
“Essas mesmas emissoras públicas, que são pagas com dinheiro do contribuinte, criticam a Fifa por não garantir igualdade salarial entre homens e mulheres. Precisamos estar todos do mesmo lado nessa luta pela igualdade”, completou o mandatário.
Imbróglio envolvendo a Arábia Saudita
Há cerca de 15 dias, a Máquina do Esporte revelou que a Fifa havia se metido em uma enrascada ao fechar um acordo de patrocínio com a Visit Saudi, órgão de turismo da Arábia Saudita, para a Copa do Mundo Feminina. Austrália e Nova Zelândia exigiram explicações pelo fato de que o acordo atrapalharia o turismo dos dois países, uma vez que a Arábia Saudita faria propaganda do próprio turismo no Mundial.
Dias depois, a imprensa australiana também citou que o histórico dos sauditas no tratamento aos direitos femininos e aos direitos da comunidade LGBTQIA+ também seriam um motivo para críticas por parte dos dois países anfitriões da competição.
No evento em Ruanda, Infantino confirmou que a Visit Saudi não será mais patrocinadora do torneio, mas fez questão de dizer que o imbróglio em torno do assunto foi uma verdadeira “tempestade em copo d’água”. E ainda criticou a posição australiana.
“Não há nada de mau em fechar patrocínios da Arábia Saudita, da China, dos Estados Unidos, do Brasil ou da Índia. A Fifa é uma organização global. Sei que a Austrália possui relações comerciais com a Arábia Saudita de cerca de US$ 1,5 bilhão, ou seja, a relação não parece ser um problema. Existe um padrão duplo aí que eu não entendo”, enfatizou o presidente da Fifa.