Apesar de possuir velozes elevadores, capazes de causar pressão nos ouvidos dos passageiros não habituados, são as escadas do prédio da Nestlé, em São Paulo, que serão percorridas por atletas como corredor italiano Marco de Gasperi em 29 de agosto, quando o Brasil passará a integrar o circuito mundial de corrida vertical.
A modalidade, na verdade, ainda não existe no país e será inserida com patrocínio da companhia de alimentos, organização da agência Mix Brand Experience e apoio da prefeitura de São Paulo. A etapa paulistana irá compor a competição oficial da Federação Internacional de Skyrunning.
O esporte consiste em subir escadas. Contudo, por mais básico que possa parecer, há estratégias específicas, como a decisão de saltar degraus de dois em dois ou equilibrar esforço físico para que seja possível completar o trajeto em boa velocidade. “Nosso objetivo é conquistar a população e, de fato, é algo que tende a virar mania”, afirma Marco Scabia, sócio-diretor da Mix.
O prédio da Nestlé, local escolhido para representar o Brasil, possui 142 metros de altura, 31 andares e 765 degraus, mas parece pequeno diante de outras etapas. Em Taiwan, o edifício Taipei 101 possui 448 metros, 91 andares e 2.046 degraus, o mais alto do circuito mundial. Ainda há o Empire States, em Nova Iorque, e outros arranha-céus em Itália, Reino Unido, Suiça, Alemanha, Austrália, Espanha e Cingapura.
Os responsáveis por introduzir a corrida vertical no Brasil defendem o fácil acesso à população e os benefícios obtidos em termos de saúde. “Subir escadas por dez minutos é equivalente a uma hora e quarenta minutos de caminhada em queima energética”, exemplifica Scabia.
Nesse contexto, a prefeitura de São Paulo pretende explorar o número de corredores de rua existentes na cidade e pretende agir como fiscal. “Falta espaço para a prática de corridas e edifícios não faltam em nossa cidade”, explica a supervisora de corridas de rua da secretaria de esportes de São Paulo, Solange Menzel.
Para justificar a introdução de nova modalidade na capital de um dos principais estados do país, a supervisora cita benefícios à economia paulistana. “Em Nova Iorque, a corrida vertical gera US$ 40 milhões e atrai quase 40 mil pessoas, das quais 10 mil são estrangeiros”, argumenta Menzel. “Além do turismo, esse esporte ainda irá criar feiras e eventos sociais”.
Aos turistas, a vista proporcionada pelo edifício da Nestlé, inicialmente construído pelo Bank of Boston, adquirido posteriormente pelo banco Itaú e, em 2008, pela empresa de alimentos, engloba a Ponte Estaiada, moderna construção inaugurada em maio de 2008, a usualmente congestionada Marginal Pinheiros e o poluído rio que lhe dá nome.