Muitos são os argumentos usados para medir o impacto que a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016 terão para o Brasil. Em um aspecto, contudo, essa relação já ficou clara: anos antes da realização, os grandes eventos já aqueceram o mercado de agências de marketing esportivo no país.
Até por ser um advento recente na estrutura da maioria das empresas, o marketing esportivo ainda é um segmento acompanhado constantemente por análises como “potencial de desenvolvimento” e “evolução de médio e longo prazo”. No Brasil, o porte dos novos players desse segmento ratifica essa visão.
É nessa área, por exemplo, que o atacante Ronaldo deve focar seu trabalho quando encerrar a carreira de atleta. Maior artilheiro da história das Copas do Mundo, o camisa 9 do Corinthians será presidente-executivo de uma nova empresa do grupo WPP, cuja missão será desenvolver projetos sobre esporte e entretenimento no Brasil até 2014.
A empresa de Ronaldo será sediada em São Paulo e terá alcance internacional. A ideia é aproveitar o aquecimento do mercado brasileiro em função da Copa do Mundo, lançar formatos e replicá-los na América do Sul quando for possível.
O próprio Ronaldo trabalhará diretamente no desenvolvimento de produtos. A WPP aposta que o jogador pode contribuir com experiências vividas ao longo da trajetória no esporte, sobretudo quanto a gerenciamento de contratos e patrocínios.
A aposta de Ronaldo nessa área, contudo, não é um caso isolado. Também serve como demonstração de aquecimento do mercado a investida do grupo ABC, 20º do mundo e primeiro do Brasil na área de propaganda. A empresa comandada por Nizan Guanaes aumentou sua participação acionária na agência de marketing esportivo Reunion e levará o grupo aos Estados Unidos.
Na última segunda-feira, Geraldo Rodrigues, sócio e fundador da Reunion, viajou aos Estados Unidos para começar a estruturar o início das atividades da agência no país. Essa investida, curiosamente, é resultado de um fortalecimento do mercado brasileiro.
“O Brasil cresceu muito no cenário esportivo mundial, e isso fez com que várias agências passassem a olhar para o país de uma forma diferente. Elas vão ter de atuar aqui nos próximos anos e vão precisar de gente que conheça o mercado. O Brasil é um país continental, com diferenças muito grandes entre a população. É bem complicado chegar para operar sem conhecer, e nós temos a expertise. Isso fortaleceu a ideia de fazermos um caminho contrário ao investimento no Brasil e iniciarmos operações nos Estados Unidos”, relatou Rodrigues.
A ideia foi apresentada ao grupo ABC, que aprovou a ideia e a incluiu em seu plano de internacionalização de marca. A Reunion já trabalhava no mercado dos Estados Unidos por ser parceira dos X Games e da etapa brasileira da Fórmula Indy, mas sua nova investida terá como principal foco o gerenciamento de carreira.
“Não só pilotos, que nós já temos expertise. Sabemos que alguns atletas irão aos Estados Unidos pensando na Olimpíada, um grupo que tem 14 anos de idade hoje e estará no ápice em 2016. Eles precisarão de apoio de logística, de suporte e de gerenciamento de carreira quando forem treinar fora. Nós já temos expertise em gerenciar carreiras com os pilotos, e pensamos que seria um bom caminho expandir para outras áreas”, completou Rodrigues.
Além da instalação, Rodrigues será responsável por coordenar a operação da Reunion nos Estados Unidos – a empresa brasileira ficará a cargo dos outros sócios. A agência também aproveitará o escritório americano para lançar formatos com foco no mercado de toda a América Latina.
No mercado dos Estados Unidos, aliás, a Reunion terá concorrência direta de outro atleta. O jogador de basquete Steve Nash, de origem canadense, também vai ser artífice de uma empresa no segmento.
Nash se associou ao empresário Michael Duda para constituir um fundo de investimento em marketing. A ideia é usar planejamento estratégico para potencializar receitas de empresas, e o principal foco da companhia será o segmento esportivo.