Quando Andy Roddick caiu na terceira rodada do torneio de Washington, na última semana, carregou consigo uma marca histórica para o tênis de seu país, os Estados Unidos. O atleta saiu do nono lugar para o 11º no ranking da ATP. Dessa maneira, não há nenhum norte-americano entre os dez melhores colocados, algo que não ocorria desde 1973. Os motivos e as consequências desse fato, no entanto, não são unanimidades nem por aqueles que vivenciam o esporte de perto nessa nação.
O fato pode não parecer tão impressionante para os brasileiros, que só tiveram um tenista no topo do ranking, Gustavo Kuerten, e que hoje vê o seu melhor colocado na 26ª posição, Thomaz Bellucci. Os americanos, por outro lado, viram nos últimos anos o domínio no país no tênis mundial, simbolizados pelos campeões Andre Agassi e Pete Sampras.
Para o diretor técnico de tênis da Koch Tavares, Roberto Marcher, o problema dos Estados Unidos está no sistema dedicado ao esporte adotado pelo país, baseado nas universidades. “A carga de treino nesse caso não é suficiente para atletas profissionais”, sustenta Marcher, que afirma que o americano não soube se atualizar.
A comparação do diretor mira exemplos da Espanha e da Argentina, que se fortaleceram no tênis nos últimos anos. Para Marcher, a preparação de ídolos como Rafael Nadal foi o ponto decisivo. “Nos Estados Unidos, o atleta treina três horas no dia e vai estudar. Na Espanha, ele treina três horas de manhã, duas a tarde e a noite faz uma hora de aperfeiçoamento físico”, reforçou Marcher, pessimista com o retorno da força do tênis do país em curto prazo.
A política esportiva americana se mantém inalterada e, para Rafael Plastina, diretor de marketing da Informídia Pesquisas Esportivas, essa é a grande vantagem, não o contrário. “Eles vão reagir porque o esporte nos Estados Unidos é visto como negócio”, afirma Plastina, que vê no mercado forte um incentivo crucial para manter o tênis do país forte.
Para Plastina, esse intervalo sem grandes tenistas americanos pode ter como consequência imediata um desinteresse do grande público, o que não deve afastar as empresas que investem no esporte. “Patrocínio nos Estados Unidos é muito sério. Manter a marca é uma questão de reserva de mercado. Se saírem, elas perderão o espaço que tinham quando os ídolos voltarem”, retifica Plastina.
O diretor explica que o país está mal acostumado e o fato é natural de uma entressafra: “Esse gap na história acontece, o esporte é cíclico”. Plastina afirma que o fato de Sampras e Agassi não terem alavancado outros ídolos se deve ao grande número de atletas de alto nível no país, o que seria o seu fato diferenciador de Espanha e Argentina.