Desde que o Mineirão foi interditado em junho para as reformas que o modernizarão para receber a Copa do Mundo de 2014, os dois clubes grandes de Belo Horizonte têm sofrido para achar uma nova casa. No entanto, se o Atlético Mineiro está em crise e sob o risco de rebaixamento, o Cruzeiro parece ter achado um lar provisório: Uberl”ndia.
Nesta noite, o Cruzeiro enfrentará o Internacional pela 20ª rodada do Campeonato Brasileiro. Este será o terceiro jogo seguido que o clube fará no Parque dos Sabiás, o estádio de Uberl”ndia. Para que a população da cidade, cerca de 600 mil habitantes, adote o clube, a diretoria cruzeirense tem focado sua atenção na sua nova “sede”.
A primeira missão do marketing do clube é apaziguar o que o gerente de marketing do Cruzeiro, Marcone Barbosa, chamou de “influência paulista” na região. Uberl”ndia é praticamente equidistante das capitais São Paulo e Belo Horizonte, com cerca de 550 km das metrópoles. Ao oeste de Minas Gerais, chega a receber sinais de TV dos paulistas, o dá a cidade um alto número de adeptos dos clubes do Estado vizinho.
Logo no primeiro jogo do Cruzeiro na cidade, essa situação se tornou evidente. O time estreou no Parque dos Sabiás, neste Campeonato Brasileiro, contra o Corinthians. A torcida visitante acabou comprando ingressos destinados aos cruzeirenses e o elenco belorizontino teve que enfrentar seu adversário com o estádio praticamente dividido, mesmo jogando em seu Estado de origem.
Apesar dessa situação, o clube venceu o vice-líder da tabela e colocou 37.377 pagantes, o sexto maior público de todo o campeonato e recorde do Cruzeiro, que teve renda de R$ 870 mil. No jogo seguinte, contra o Flamengo, mais uma vitória e quase 30 mil pessoas nas arquibancadas. No jogo anterior ao do Corinthians, pouco mais de 10 mil espectadores acompanharam o embate contra o Vitória, em Ipatinga.
Para fazer desse sucesso algo crescente, o marketing do clube tem feito algumas ações na cidade. A delegação do time chega com antecedência de até dois dias para se interar com a população. O Raposão, a mascote do clube, faz visitas em hospitais e em escolas públicas para distribuir brindes e chamar os torcedores para o estádio. Àqueles que comparecem, são entregues as letras com os c”nticos de incentivo para o time, os mesmos que são proclamados em Belo Horizonte e que o uberlandense tem pouco contato.
A ideia é envolver a cidade em prol do time e movimentar a região, uma das mais ricas do estado – Uberl”ndia é o maior centro urbano do Tri”ngulo Mineiro. Seu estádio, oficialmente João Havelange, foi construído no início da década de 80 e chegou a receber 70 mil pessoas em um amistoso da seleção brasileira, contra a Irlanda, que o inaugurou. Hoje, ele tem sua carga de ingressos limitadas a 40 mil.
Uberl”ndia se transformou na grande aposta cruzeirense para segurar receitas que tem perdido desde que deixou o Mineirão. O clube perdeu, no período, 12 mil sócios-torcedores, que viam no programa as facilidades na hora de adquirir ingressos como a sua maior vantagem. Antes da cidade, o time jogou na Arena do Jacaré e no Ipatingão, mas ambos têm pouca capacidade de público.