Separados geograficamente por milhares de quilômetros e realidades econômicas distintas, Flamengo, Corinthians, Milan, Borussia Dortmund, Olympiacos, Sevilla, PSV, Galatasaray, Anderlecht, Rangers, Incheon, Porto, Basel e América do México têm um objetivo comum.
De olho no possível incremento de seus ganhos com marketing, todos querem transformar a pioneira Fórmula Superleague – que une futebol e automobilismo – em sucesso de público e renda.
?Nossa previsão é chegar aos 34 milhões de euros [R$ 91,4 milhões] na primeira temporada e, daqui a cinco anos, queremos 350 milhões de euros [R$ 941 milhões] (…) Os clubes repartirão um terço de todo o faturamento da Superleague?, explica o espanhol Álex Andreu, CEO da competição.
Otimista, o executivo afirma ter encontrado o caminho para uma mina de ouro. A receita, segundo ele, é potencializar a paixão dos torcedores, oferecendo a possibilidade de competir em outra modalidade, de forma igualitária, com os principais ícones do futebol mundial.
Nesse sentido, os representantes brasileiros aparecem como trunfo para o fortalecimento da categoria. Juntos, Corinthians e Flamento somam quase 60 milhões de seguidores. Andreu confia na migração desse contingente para as pistas.
?Quem ama segue o clube até o fim. Se você oferece aos torcedores a possibilidade de ver seu time favorito competindo todos os finais de semana contra os melhores do mundo, em um novo acontecimento esportivo, com emoção e rivalidade, oferecendo espetáculo, eles, sem dúvida, vão seguir e vibrar?, diz o criador da Superleague.
Nesta entrevista exclusiva à Máquina do Esporte, Álex Andreu fala sobre a expectativa para a estréia da competição, marcada para agosto, na Inglatera; exalta o envolvimento dos brasileiros; conta sobre as negociações com a TV, e revela que o Boca Juniors recusou o convite para participar da categoria.
Leia a seguir a íntegra da entrevista:
Máquina do Esporte: De onde surgiu a idéia de unir futebol e automobilismo?
Álex Andreu: É um desejo antigo. Estamos desenvolvendo e trabalhano nesse projeto há quatro anos. A idéia veio, principalmente, da crença de que mesclar tecnologia, glamour, espetáculo, paixão e as cores de clubes de futebol seria uma combinação ganhadora.
ME: Qual é o critério utilizado para fazer a seleção dos clubes que irão participar da categoria?
AA: A Fórmula Superleague pretende ser uma competição mundial. Por isso, queremos envolver os melhores clubes de cada país nesse projeto. O histórico esportivo e a torcida são os elementos que levamos em conta na hora de fazer o convite às equipes
ME: Corinthians e Flamengo são os únicos representantes da América do Sul. Como a Superleague chegou a esses dois nomes?AA: Dada a importância que os brasileiros dão ao futebol e ao automobilismo, queríamos contar com os dois clubes que mais mexem com a paixão dos torcedores. O posicionamento desses times, assim como a relevância que eles têm para o país e seus milhões de seguidores são essenciais para a Superleague.
ME: Existe a possibilidade de ampliar a atuação no continente?
AA: Já contamos com o América do México para a primeira temporada. Além disso, esperamos fechar com um grande clube argentino.
ME: Falando em Argentina, a ausência do Boca Juniors, reconhecido internacionalmente por suas ações de marketing, é muito comentada. O clube não foi convidado ou, simplesmente, não houve interesse por parte dos dirigentes de ingressar na categoria?
AA: Nós convidamos o Boca, mas eles não quiseram aceitar nossa oferta. O River Plate, por sua vez, já manifestou interesse em trabalhar conosco.
ME: Já que a Superleague ambiciona ser uma categoria mundial, Ásia e África também fazem parte dos planos de expansão?
AA: Já contamos com um clube coreano, o Incheon, e estamos finalizando as negociações com uma equipe chinesa. Para a próxima temporada, queremos também contar com um time japonês.
ME: Até o momento, quanto foi investido para a realização da primeira temporada da Superleague?
AA: Estamos falando de um investimento total de 40 milhões de euros [R$ 107,5 milhões].
ME: Para os clubes envolvidos no projeto, essa é uma grande oportunidade para mostrar trabalho fora dos gramados e, sobretudo, faturar. Como será feita a divisão de receita entre a Superleague e as equipes?
AA: Os clubes repartirão um terço de todo o faturamento da Superleague.
ME: E qual é a previsão de faturamento para a temporada de estréia da Superleague?
AA: Vamos começar de maneira prudente. Serão apenas seis corridas até o final deste ano [confirmadas para Inglaterra, Alemanha, Bélgica, Itália, Portugal e Espanha]. Sendo assim, nossa previsão é chegar aos 34 milhões de euros [R$ 91,4 milhões] na primeira temporada e, daqui a cinco anos, queremos 350 milhões de euros [R$ 941 milhões] em 17 corridas.
ME: A Superleague já tem patrocinadores confirmados este primeiro ano?
AA: Estamos negociando com várias empresas, tanto para o evento, quanto para os carros. Esperamos confirmar os nomes nas próximas semanas.
ME: Podemos vislumbrar uma corrida no Brasil no futuro?
AA: Certamente! Esse é um dos nossos objetivos. Uma corrida no Brasil, com Flamengo e Corinthians, seria um grande sucesso.
ME: A paixão dos brasileiros por futebol e automobilismo fará de Flamengo e Corinthians os clubes mais populares da Superleague?
AA: Sem dúvida, vocês devem ter a maior torcida da categoria. Juntando tudo isso ao jeito de ser dos brasileiros, esperamos que Flamengo e Corinthians invistam muita emoção na Superleague. Acreditamos que esse seja um dos elementos essenciais da competição.
ME: A transmissão das corridas para o Brasil já foi definida?
AA: Em vários países, a transmissão das corridas já está definida. No Brasil, ainda estamos negociando. Queremos que todas as provas sejam exibidas na TV aberta. Os carros terão câmeras ?on board? para que os telespectadores sigam, de forma personalizada, as ações de cada piloto.
[NR: Segundo a Máquina do Esporte apurou, Álex Andreu negocia com Globo, Record e Bandeirantes. Caso não haja acordo com nenhuma emissora aberta, o Sportv seria a segunda opção]
ME: O sr. acredita que o público que acompanha futebol irá migrar para a Superleague?
AA: Atualmente, os clubes são mais do que meros times de futebol. Eles são marcas próprias, que fazem parte da vida dos torcedores. E essas marcas precisam diversificar, crescer e, sobretudo, dar algo a mais para os seus seguidores. Quem ama segue o clube até o fim. Se você oferece aos torcedores a possibilidade de ver seu time favorito competindo todos os finais de semana contra os melhores do mundo, em um novo acontecimento esportivo, com emoção e rivalidade, oferecendo espetáculo, eles, sem dúvida, vão seguir e vibrar.
ME: E o contrário também pode acontecer, não? Atrair os fãs do automobilismo…
AA: Ver os melhores clubes do mundo em um monoposto com motor V12 de 750 cavalos de potência é algo único, que fará vibrar não apenas as torcidas de futebol, mas todos os amantes do automobilismo, do esporte em geral, do espetáculo.