Lançado oficialmente nesta segunda-feira, o novo projeto esportivo da Petrobras se transformou em bandeira do governo federal. A 13 dias do segundo turno da eleição presidencial, Luiz Inácio Lula da Silva esteve na cerimônia de apresentação do plano e não falou. Ainda assim, diferentes discursos transformaram o mandatário em personagem.
O caso mais emblemático foi o de Ricardo Mesquita Calmon, presidente da Confederação Brasileira de Levantamento de Peso. O dirigente fez seu discurso virado para Lula, fez várias citações nominais do presidente e transformou o patrocínio da Petrobras em uma espécie de presente.
“O presidente Lula deixará o mandato neste ano com 80% de aprovação popular, e isso é algo que não se compra nas lojas. Para usar algo que ele sempre diz, nunca antes na história desse país houve um projeto desse nível”, disse o dirigente esportivo.
Calmon contou que, assim como Lula, já foi líder sindical. Esse foi um dos argumentos usados pelo presidente da confederação para ressaltar a humildade do mandatário nacional: “Ele subiu muito, mas nunca deixou de olhar para baixo”.
A série de elogios no discurso do dirigente ainda passou pelo destino dos patrocínios da Petrobras. O programa esportivo da estatal contemplará cinco modalidades olímpicas (boxe, esgrima, taekwondo, remo e levantamento de peso) que não têm tradição ou parceiros de grande porte.
“O patrocínio só é dado a quem consegue vitórias. Estender a mão para quem realmente precisa não é fácil, mas é honrado. Esse gesto da Petrobras mostra que a empresa pensa em quem realmente precisa”, discursou Calmon, que fechou sua participação com um pedido de retorno de Lula ao atual posto: “Alguém com 80% de aprovação popular não merece um adeus, mas um até logo”.
O tom de louvação também permeou a intervenção do ministro do Esporte, Orlando Silva Júnior. O que mudou foi, curiosamente, a relação com Lula. O responsável pela pasta fez seu discurso voltado para o público, e a única parte que causou reação do mandatário foi quando ele fez uma brincadeira com Diogo Silva, atleta do taekwondo que conquistou a medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de 2007.
Silva Júnior contou que o atleta disputará os Jogos Militares no ano que vem, e que por isso precisou cortar o cabelo. “Mas precisa cortar também essa barba para se apresentar porque barba não é coisa de gente séria”, brincou o ministro, esquecendo-se que Lula, que também estava no palco, usa barba.
Com exceção do episódio, definido pelo próprio Silva Júnior como gafe, o discurso do ministro enalteceu a participação do governo federal no esporte. Em quase todas as frases, ele lembrou o que foi feito e a import”ncia disso. Em vez de benção ou presente, o patrocínio da Petrobras foi tratado como conquista.