A 4ª rodada do Novo Basquete Brasil (NBB) foi generosa com o Flamengo. A equipe carioca bateu o Vitória/Cecre por 112 a 58, maior placar do torneio, e embolsou R$ 2,9 mil nas bilheterias. A verba arrecadada, entretanto, contrapõe a reação de torcedores, incomodados com o valor estipulado para a compra de ingressos.
Com preços de R$ 30 por entrada inteira e R$ 15 para estudantes, o Flamengo obteve 57% a mais que a segunda melhor bilheteria da rodada, do Unitri/Universo/Uberl”ndia, que arrecadou R$ 1,8 mil. O Interforce/Minas amealhou R$ 601, enquanto o Uniceub/BRB/Brasília, R$ 129. São José/Unime/Vinac e Paulistano/Amil não cobraram pelo tíquete.
Em número de pagantes, porém, o Flamengo está muito abaixo. Entre 130 pagantes, 64 são estudantes e três são clientes do banco HSBC, com preço promocional de R$ 24. Ainda há 450 convidados, livres do pagamento, e mesmo assim o público total ainda é 87% inferior ao atingido pelo Uberl”ndia, com 1088 pessoas presentes, das quais 638 são pagantes.
Os preços estipulados pelos três outros clubes que cobraram pela entrada, por fim, não ultrapassaram os R$ 6. Com base nesses números, percebe-se que o Flamengo opta por subir drasticamente o valor dos tíquetes em relação a outros times de basquete, fator responsável por elevar a receita, mas enfrenta riscos de a estratégia ter efeitos colaterais.
“Quando o preço é bem colocado, e essa é uma tarefa do departamento de marketing, o clube consegue trabalhar o produto de maneira que seja possível encher o ginásio”, define João Henrique Areias, consultor em marketing esportivo com passagem pelas vice-presidências de marketing e esportes olímpicos do Flamengo.
Ao cobrar R$ 30, de acordo com o especialista, torna-se necessário agregar valor ao produto vendido, por meio de promoções, distribuição de brindes e outras ações de marketing. “Se a torcida ganhasse camisas personalizadas do clube, isso causaria algum custo, mas iria acostumá-la a ir ao ginásio, a participar do espetáculo”, finaliza Areias.