Não é exagero afirmar que a cidade de São Caetano será a capital do vôlei feminino do Brasil na próxima temporada. Um projeto ambicioso ? e caro ? repatriou as estrelas da seleção Fofão, Mari e Sheilla para a formação da nova equipe do município do ABC paulista para a Superliga 2008/09.
O fio condutor dessa iniciativa chama-se Blaüsiegel. Eufórica com os resultados obtidos em sua primeira incursão na modalidade, com o clube Pinheiros, a empresa quis voar mais alto, firmou parceria com o poder público e investiu pesado para se tornar o próximo ?papa-títulos? do vôlei nacional.
?A exposição que nós tivemos no ano passado foi nove vezes superior ao valor investido?, comemora Marcelo Hahn, CEO da indústria farmacêutica, que destinará R$ 9 milhões neste ano em patrocínio esportivo.
Além do vôlei, a Blaüsiegel mantém um carro na Stock Car e apóia GT3, Troféu Maserati, kart e atletas do karatê. O leque de esportes, porém, pode ganhar um reforço de peso no futuro.
?Não fechamos as portas para o futebol. É algo que pode até acontecer em breve, porque nós estamos transferindo a verba de investimento na mídia em patrocínio?, revela o executivo.
Nesta entrevista exclusiva à Máquina do Esporte, Marcelo Hahn fala sobre a relação da empresa com o esporte, abre as portas para outras modalidades e diz que a ?era digital? aumenta importância da mídia espontânea para os patrocinadores.
Leia a seguir a íntegra da entrevista:
Máquina do Esporte: A vida de patrocinador de equipes de vôlei costuma ser nômade, já que as equipes mudam de sede com freqüência. A Blaüsiegel acaba de viver essa experiência. Qual a tática para fidelizar a torcida e provocar a identificação entre time e marca?
Marcelo Hahn: Nós começamos a investir em competições de equipe no ano passado. Trazer atletas de seleção brasileira, por exemplo, é um bom começo para esse intercâmbio. Não só pelo forte apoio que nós teremos da população de São Caetano, mas também pelo apelo de mídia e visibilidade que esses reforços nos darão. Aliás, não só para a empresa e para o clube, mas para toda a Superliga.
ME: O que motivou o rompimento com o Pinheiros após um ano de parceria?
MH: Nosso intuito não era sair do Pinheiros. Aconteceu porque a gente tinha vontade de montar um time com mais capacidade de conquistar títulos, mas o nosso antigo parceiro não estava disposto a compartilhar os gastos dessa equipe. Em contrapartida, o São Caetano nos ofereceu essa possibilidade. Acho que será uma parceria duradoura. Nossos objetivos são os mesmos.
ME: Apesar de curta, a relação com Pinheiros rendeu frutos importantes para a empresas. A Blaüsiegel, em comunicado, disse ter ficado ?eufórica? com os resultados obtidos. Tem como quantificar o retorno que a associação com o vôlei deu para a empresa?
MH: É substancial. A exposição que nós tivemos no ano passado foi nove vezes superior ao valor investido. A mídia espontânea é muito boa, sem dúvida. O advento e desenvolvimento da mídia digital, que permitem ao telespectador assistir aos seus programas favoritos sem intervalos comerciais, dão ainda mais importância à mídia espontânea.
ME: Fofão, Sheilla e Mari são atletas com grande impacto para torcedores e, principalmente, consumidores. A Blaüsiegel pretende usá-las em suas ações de marketing ao longo do ano?
MH: Não só as três. Toda a equipe será usada em anúncios e ações de marketing, mas ainda não decidimos quando e como. O time é recém-formado, não deu tempo para programar nada.
ME: Com o investimento feito para repatriar essas jogadoras, o vôlei passa a ser o carro-chefe do marketing esportivo da Blaüsiegel?
MH: A Stock Car é um investimento caro também, principalmente porque nós temos um carro exclusivo. Mas, pensando unicamente em valores, é para o vôlei que vai o nosso maior aporte. A Stock fica em segundo lugar.
ME: Além de Stock e vôlei, quais são as outras modalidades patrocinadas pela empresa?
MH: Temos contrato com GT3, Troféu Maserati, kart e atletas de karatê.
ME: Futebol faz parte dos planos da Blaüsiegel?
MH: Nós estamos crescendo. Como eu disse no início, começamos a investir em esportes há pouco tempo. Nesse período, pudemos perceber que há uma brecha muito grande para ser explorada. Não fechamos as portas para o futebol. É algo que pode até acontecer em breve, porque nós estamos transferindo a verba de investimento na mídia em patrocínio.
ME: E qual é o valor do investimento anual em esportes?
ME: Neste ano, o total destinado ao marketing esportivo é de R$ 9 milhões. Em mídia, R$ 14 milhões.