Funcionou a insurgência de um grupo de seis clubes. Nesta quarta-feira, a Justiça da Espanha anunciou que acatou um pedido dessas equipes e vetou a greve que o Campeonato Espanhol havia programado para o próximo fim de semana.
A sentença foi emitida pela juíza Purificación Pujol, de Madri. Ela rechaçou proposta da Liga de Fútbol Profesional (LFP), que pretendia cancelar todos os jogos que estavam agendados para os dias 2 e 3 de abril, tanto da primeira quanto da segunda divisão.
O grupo de times que pediram o cancelamento da greve é formado por Athletic Bilbao, Espanyol, Real Sociedad, Sevilla, Villareal e Zaragoza. O Málaga não se posicionou, e equipes como Barcelona e Real Madrid defendiam a paralisação.
Basicamente, há três motivos para a LFP ter decidido estabelecer a greve: os clubes querem restringir o direito de uso de imagens do futebol nacional em veículos jornalísticos, exigem uma participação na lei que destina ao esporte uma parte da arrecadação local com loterias e apostas e querem acabar com uma regra que permite à TV pública a exibição gratuita de um jogo por rodada do Campeonato Espanhol.
Essa regulamentação, tema mais polêmico do requerimento feito pela LFP, está na Lei Geral de Comunicação Audiovisual, de 31 de março do ano passado. Atualmente, o jogo exibido em TV aberta é o que acontece às 22h dos sábados.
A análise da liga é que esse modelo de exibição em TV aberta limita o faturamento dos clubes com a venda dos direitos de transmissão do Campeonato Espanhol. “Faz um ano que a lei foi aprovada, e nenhum clube se opôs naquela época. Os times estão em uma situação complicada, devem 694 milhões de euros para a Fazenda, e eu nem estou falando dos dados dos Seguros Sociais”, criticou Jaime Lissavetzky, secretário de Esporte do país europeu.
Quanto ao repasse das loterias, a LFP tem direito a 10% atualmente e pleiteia uma fatia maior. Também existe uma polêmica sobre a Lei do Jogo, que recolherá parte do dinheiro movimentado na Espanha até com apostas virtuais. Os clubes exigem ao menos 2% do que for arrecadado.
No caso da restrição à informação, a lógica é a mesma da presença do futebol em TV aberta. A LFP acredita que, como não há restrição de tempo na exibição de imagens e melhores momentos, a liga deixa de lucrar com a venda desses trechos.
A decisão da juíza contra a greve baseia-se em dois argumentos: o primeiro é que os torcedores não podem ser prejudicados por esse imbróglio, e o outro é que não haveria datas para compensar esse fim de semana de paralisação após o término da temporada.