Não é difícil perceber que o naming right de um evento esportivo não é muito respeitado no Brasil. Focando-se no universo dos sites dos três principais jornais do país, em nenhuma reportagem sobre o adiamento da Fórmula Indy a propriedade é usada. Tanto na “Folha de S.Paulo”, quanto no “Estado de S. Paulo” e em “O Globo”, o termo “Itaipava São Paulo Indy 300 Nestlé” não se fez presente nos textos e em nenhum momento as empresas em questão foram citadas.
A principal vítima dessa falta de hábito, é claro, são os patrocinadores máster do evento do último fim de semana em São Paulo. A Nestlé vai além e defende que, ao não anunciar o nome do patrocinador, o evento inteiro perde e, por consequência, a própria mídia envolvida na sua cobertura sai prejudicada.
À Máquina do Esporte, o diretor de marketing da Nestlé, Izael Sinem Júnior, proclamou duras palavras à imprensa brasileira em geral. Para o executivo da empresa, a decisão de ocultar as marcas que compram a propriedade de nome do evento é uma “censura míope”.
“Os veículos de comunicação têm que entender que o patrocinador não é um simples anunciante que concorreria com os parceiros do jornal. O patrocinador é quem faz o evento acontecer. Todos precisam disso, mas alguns veículos insistem em não perceber”, afirmou Sinem Júnior, no camarote de sua empresa no Anhembi, no último domingo.
O diretor fez questão de ressaltar que todo o grupo Bandeirantes tem sido um caso de exceção neste cenário. A empresa é a principal responsável pela corrida no Brasil, um evento inteiro organizado pela Enter, a agência criada pelo grupo no fim de 2010 para realizar ocasiões como a do último fim de semana.
Essa não é a primeira vez que a Nestlé vive um problema com o desrespeito ao naming right. Os casos mais notórios são no vôlei e puderam ser vistos recentemente. A empresa mantém o time de Osasco, que carrega o nome de Sollys, uma das marcas da Nestlé. O ápice de exposição no investimento acontece nas finais da Superliga, quando a rede Globo faz a transmissão das partidas em rede aberta. A emissora carioca, no entanto, se refere ao time apenas como Osasco.
A rede Globo é o caso mais explícito de negação ao naming right. Na Fórmula 1, por exemplo, a equipe Red Bull Racing se transformou em RBR, simplesmente. Em abril deste ano, a seleção brasileira enfrentou a Escócia no Emirates Stadium. Mas, na emissora carioca, o local era apenas o estádio do Arsenal, para que o nome da companhia aérea não fosse citado.