Uma reunião realizada nesta terça-feira praticamente selou o destino do Clube dos 13 e dos direitos de mídia do Campeonato Brasileiro. A entidade desistiu de brigar para tentar fazer valer o contrato assinado com a RedeTV!, e isso liberou as equipes para ratificarem acertos individuais com a Globo. Também ficou acertada uma revisão nas contas da instituição a fim de sanar dívidas dos times, encerrar as atividades do grupo e oficializar a saída do presidente Fábio Koff.
Em entrevista coletiva, Koff disse que pretende abandonar nos próximos meses a presidência do Clube dos 13. Para isso, espera apenas que ele e Fernando Carvalho, do Internacional, deixem de ser avalistas pessoais da entidade em empréstimos bancários feitos pelas equipes.
A postura do dirigente sela definitivamente a polêmica política que teve a discussão de direitos de mídia como plano de fundo. Nos próximos 20 dias, um grupo formado por quatro representantes de equipes deve fazer uma devassa nas contas do C13 a fim de quantificar exatamente as dívidas dos times. A partir do balanço e do encerramento dos débitos, deve ser oficializado o fim da entidade.
Um dos maiores indícios disso é que o C13 não brigará sequer pelo contrato assinado com a RedeTV!. A entidade havia firmado acordo com o canal em nome de 15 equipes, valendo-se de procurações que haviam sido cedidas a ela em empréstimos bancários.
A RedeTV! havia sido a única participante em uma licitação promovida pelo Clube dos 13 para os direitos de mídia do Campeonato Brasileiro em rede aberta no triênio 2012-2014. Em meio ao processo de montagem da concorrência, Globo e Record anunciaram que não participariam.
A Record chegou a anunciar oferta de R$ 100 milhões anuais a Corinthians e Flamengo somente por TV aberta. A Globo partiu para negociações individuais e já oficializou acordos com 15 clubes.
As negociações individuais foram saídas encontradas pelos clubes que reprovaram o modelo de licitação proposto pelo C13. A entidade adotou o formato deste ano após determinação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) de que a Globo não deveria ter direito de preferência no processo – nas disputas anteriores, a emissora podia ver a melhor proposta e dizer se cobriria ou não.
O Clube dos 13 decidiu fatiar a licitação de plataformas de mídia, promover licitação aberta e decidir de acordo com o valor proposto. A entidade chegou a estipular um ágio de 10% em favor da Globo em função de expertise e liderança de audiência, mas o Cade vetou esse privilégio.
Quando as equipes reprovaram o modelo de licitação, contudo, não rechaçaram apenas o processo de escolha da TV que mostraria o Campeonato Brasileiro. Isso serviu como desculpa para a implosão do Clube dos 13, que vinha definhando politicamente desde a eleição presidencial realizada no ano passado.
Naquela época, Ricardo Teixeira, presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), lançou Kléber Leite como candidato. Ele obteve apoio de clubes como Corinthians, Botafogo, Cruzeiro e Santos, mas perdeu o pleito para Fábio Koff.
O grupo que defendia Leite encabeçou a revolta com a licitação. A partir daí, uma série de equipes começou a descartar participar de qualquer contrato moldado pelo C13. Esses times divulgaram que negociariam individualmente com emissoras interessadas.
Nesse processo, dirigentes chegaram a falar em saída do Clube dos 13. O presidente do Cruzeiro, Zezé Perrella, citou até a criação de uma liga de times no Brasil para exercer funções que atualmente são desempenhadas pela entidade.
O Clube dos 13 sofreu baixas até em seus times mais próximos. O São Paulo, que ainda não oficializou acordo com a Globo, anunciou nesta semana que deixou seu posto na vice-presidência da entidade, aumentando rumores sobre o fim da instituição.
Todo o cenário político deve ficar mais claro depois que as contas do Clube dos 13 forem avaliadas. O que segura a entidade atualmente é a dívida que algumas equipes têm com ela.
Em função dessa dívida e das procurações que tem em mãos, Fábio Koff chegou a fazer uma cerimônia para assinar contrato com a RedeTV! para o Campeonato Brasileiro. A emissora paulista ofereceu R$ 516 milhões anuais para exibir o certame.
Após a reunião desta terça-feira, contudo, Koff desistiu. A entidade anunciou que o contrato com a RedeTV! não tem valor e que os times estão livres para ratificarem seus acordos com a Globo.