“Eu tenho que agradecer meus patrocinadores, organizadores do torneio e meu time”. Com essa frase, a tenista chinesa Na Li encerrou sua vitoriosa participação no torneio de Roland Garros, em Paris, para orgulho das marcas que, nos últimos meses, tem visto a atleta como um meio de entrar no mercado chinês. Nesta sexta-feira, Li engrossou sua conta com mais um parceiro, a Mercedes-Benz.
Por três anos, a marca alemã será mais uma parceira da tenista, que já conta com Nike, Rolex, Häagen-Dazs e SpiderTech. Com a soma de US$ 1,5 milhão por ano, a chinesa já atingiu US$ 10 milhões anuais somente com patrocinadores. O maior acordo permanece com a Nike, que paga cerca de US$ 3 milhões para Na Li.
Com o novo acordo, a tenista se torna a segunda que mais recebe com acordos comerciais, atrás apenas de Maria Sharapova, que ganha US$ 25 milhões anuais e está na lista dos atletas mais bem pagos, considerando apenas patrocinadores. A diferença de Na Li é a velocidade de sua ascensão. Com 29 anos, ela fechou quatro empresas em 2011.
Na Li ganhou Roland Garros no último dia 4, tornando-se a primeira tenista chinesa a vencer um Grand Slam. Antes, seus feitos já chamavam a atenção. Ela foi a primeira chinesa a chegar a uma quartas de final de Wimbledon, em 2006. Em 2010, chegou à semifinal do Australia Open, e se tornou a primeira chinesa a ficar entre os dez primeiros em um ranking do tênis.
Com o triunfo em Paris, a chinesa fez os índices de audiência da China subirem em níveis recordes durante a decisão. A pontuação durante o evento se aproximou da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de 2008, em Pequim. Sua vitória animou o marketing da associação mundial de tênis (WTA), que nos últimos anos tem apostado no mercado em crescimento do país. Com um ídolo local, o processo é potencializado.
Após vencer Roland Garros, Na Li imediatamente fez campanha para a Nike, uma de suas patrocinadoras, e estrelou ao lado de Maria Sharapova, musa russa que foi eliminada pela própria chinesa na semifinal do torneio francês deste ano. A campanha “Make Yourself Girl Power” entrará em publicações impressas, com fotos tiradas por Annie Leibovitz, ao lado de atletas diversas, como a surfista Laura Enever.
Na China, cartazes da Nike foram espalhados em lojas de Pequim, Xangai, Guangzhou e Chengdu, com a imagem de Na Li e a frase “Use o esporte para mudar tudo”, seguido do tradicional “Just Do It”.
A ação comprova o avanço da empresa americana sobre a atleta chinesa, que chegou a negociar com fornecedoras de material do país asiático em 2009, quando o contrato com a Nike expirou. Quem barrou outra empresa foi a agência IMG, que administra a carreira da tenista.
O jornal “China Daily”, de maior circulação no país asiático, descreveu, nesta sexta-feira, Na Li como um símbolo da nova era em que o país está vive atualmente. “Ela é vista agora como a celebridade que representa a face de uma China moderna, que cada vez mais tem impacto no resto do mundo”. Segundo a publicação, Li Na é, hoje, a atleta mais conhecida da China, junto com o astro da NBA Yao Ming e o medalhista de ouro olímpico Liu Xiang.
Neste ano, a chinesa teve a sua primeira grande aparição logo em janeiro, no Australia Open. Perdeu o título para a belga Kim Clijsters, no jogo final. No entanto, foi suficiente para potencializar seu apelo no mercado. Até então, seu único parceiro era a Nike. Em fevereiro, a atleta já havia fechado com outra empresa americana, a Häagen-Dazs. Depois foi a vez da Rolex, que também patrocina figuras como Roger Federer e Ana Ivanovic, e a SpiderTech, empresa canadense de medicamentos.
Para o diretor da Brunoro Sport Business, José Carlos Brunoro, a estratégia das empresas é válida por se tratar de uma grande oportunidade. “O mercado chinês é algo estratosférico. E, no caso dessa atleta, é um título inédito para um país de população enorme, com consumo emergente para o mercado de luxo muito crescente”, afirmou.
Além do ganho para a Mercedes, que se encaixa nesse segmento de luxo interessado no mercado chinês, Brunoro ressalta também o ganho para a atleta ao se relacionar com a marca. “Para ela, isso é um ganhou excelente. Com marcas de luxo como a Mercedes, o prestígio dela cresce ainda mais”, finalizou.