Em entrevista coletiva na última terça-feira, o presidente do Corinthians deixou claro que usará sua influência no clube para garantir que, caso não consiga eleger um sucessor, o trabalho colocado em sua gestão seja seguido. “No Corinthians, as coisas não são mais como antes. Quem entrar e fizer besteira, nós tiramos da presidência”, enfatizou. No caso, desviar da curva significa afastar a influência dos profissionais atuais da direção do clube.
O processo de profissionalização do Corinthians é o modo como a atual diretoria quer garantir que o trabalho atualmente realizado não seja interrompido. Esse modo contrasta com a situação dos atuais diretores, que não são renumerados. No entanto, está na permanência dos gerentes a possibilidade de um trabalho em longo prazo.
Quem explicou a situação foi o diretor de finanças do Corinthians, Raul Corrêa. Perguntado sobre como o que foi feito poderia ser mantido caso o sucessor de Andrés Sanchez não fosse um aliado, Corrêa foi direto à resposta. “Nós sabemos que, se isso acontecer, nós vamos ter que sair. Mas a equipe contratada é competente e recebe salário de mercado. Eles têm que ficar”, afirmou.
Corrêa chegou a afirmar que o trabalho que fazia era voluntário. Sócio do clube desde 1959, o diretor é também presidente da BDO RCS, empresa de consultoria e auditoria. Ao confiar na permanência de seu trabalho, aponta para Marcos Chiarastelli, seu braço direito no clube e que ocupa a posição de gerente financeiro.
Esse não é o único segmento do Parque São Jorge que vive essa situação. No marketing, a pasta ficou nas mãos de Luis Paulo Rosenberg, economista que chegou a ser consultor da presidência do Banco Central. Sócio do clube desde 1999, hoje ele é um dos principais nomes da diretoria corintiana e, nos últimos meses, tem atuado diretamente na construção do novo estádio.
Se a atual diretoria não permanecer, a próxima gestão deve abrir mão de sua força por razões políticas. A diretoria de marketing, por outro lado, deve permanecer com Caio Campos, o gerente da área que Rosenberg sustentou quando chegou ao atual cargo. Campos está no clube desde a gestão de Alberto Dualib.
Quando Andrés Sanchez fez sua ameaça, o foco estava no cuidado do pessoal formado no clube. O presidente se preocupa com a possibilidade de não eleger um sucessor porque a situação está divida em diversos grupos, que, até então, só se mostrou disposta a se reunir caso o estatuto seja novamente alterado e Sanchez seja reeleito. Essa opção é veementemente recusada pelo atual mandatário.