O futuro estádio do Corinthians, que está em construção em Itaquera, poderá receber a abertura da Copa do Mundo após a aprovação feita pela prefeitura de São Paulo para a isenção fiscal de até R$ 420 milhões para a Odebrecht, construtora do projeto. Agora, o vice-governador do Estado paulista, Guilherme Afif Domingos, aponta a necessidade de mais isenções.
O foco, dessa vez, está nas micro e pequenas empresas. A declaração do político aconteceu em evento realizado pela Sebrae, e ele ressaltou que o desenvolvimento da região deve ser um dos principais legados para a cidade. “Para a região se tornar um polo de desenvolvimento, é necessário dar incentivos fiscais às MPEs”, afirmou.
O vice-governador baseia sua tese nos números apresentados pelo bairro paulistano. Trata-se do bairro mais populoso de São Paulo, mas o com menos emprego, segundo Afif. O bairro, com mais de 200 mil habitantes, tem o dobro de densidade demográfica do que a média da cidade, mas os empregos continuam no centro.
A ideia já é antiga na cidade de São Paulo. Se a balança entre moradia e emprego for equilibrada, considerando a zona leste e o centro paulistano, a mobilidade da cidade poderia ser simplificada. Hoje, o tr”nsito de carro é um dos maiores problemas de São Paulo. “Gerar emprego onde as pessoas moram é o grande desafio”, ressalta Afif.
Em pesquisa divulgada pelo Sebrae, Itaquera demonstra números que se afastam de São Paulo, mesmo com a sua alta população. Considerando micro e pequenas empresas, a região tem 7 mil estabelecimentos, contra 630 mil da cidade. A folha de salário em Itaquera é de R$ 131 milhões, contra R$ 24 bilhões na capital. Desses negócios, o comércio é maior do que o setor de serviço, lógica invertida no restante de São Paulo.
Além das isenções fiscais, Itaquera deverá receber outras atenções dos órgãos públicos. Segundo o secretário especial de articulação para assuntos do Mundial de São Paulo, Gilmar Tadeu Alves, a região é uma “região sombreada” para bombeiros, o que significa que um incêndio no bairro teria mais de dez minutos de espera pela chegada desses profissionais. Com a Copa do Mundo, o bairro ganhará um corpo de bombeiro.
O secretário também afirma que o processo de valorização da região, que o vice-governador coloca como essencial para se criar empregos, já tem sido sentido. “Os imóveis, por exemplo, já tiveram uma valorização de 30%. Hoje ninguém quer sair do bairro”, afirmou.
No entorno do estádio, governo do Estado e Prefeitura de São Paulo já declararam investir R$ 478 milhões. As obras serão viárias, além da construção de uma rodoviária, um polo Senai e uma Fatec. Na época, o prefeito Gilberto Kassab já havia sinalizado a import”ncia de incentivos fiscais na região, obtidos com a mesma lei que possibilitou a construção da arena corintiana.
O diretor superintendente do Sebrae-SP, Bruno Caetano, ressalta que, apesar dos investimentos focados em Itaquera, outras regiões devem ganhar com a Copa do Mundo, como o centro histórico da cidade, que hoje há poucas residências. “Não acho correto dizer que apenas Itaquera se beneficiará. Micro e pequenas empresas de toda a cidade irão crescer com o Mundial”, reiterou.