Um dia depois de prestar esclarecimentos em coletiva de imprensa, Orlando Silva Junior, ministro do Esporte, voltou a falar na tarde desta terça-feira (18), desta vez no Congresso Nacional. Sob aplausos de parlamentares, o político centrou críticas no principal delator do esc”ndalo que estourou no último fim de semana, o policial militar João Dias.
“Até aqui, esse desqualificado acusou, mas não provou, e não provou porque não tem provas”, disse o ministro durante o discurso. “Acusar alguém e não provar sem o devido processo é tribunal de exceção, fascismo, autoritarismo”.
O policial deu novas entrevistas, publicadas nesta terça, dizendo que se encontrou com Silva em março de 2008, contrariando a versão dita pelo político na última segunda, pela qual havia acontecido apenas uma reunião entre ambos, anos antes, “protocolar”.
“O encontro foi na sala de reunião dele, no sétimo andar do ministério”, afirmou Dias ao jornal “O Estado de S. Paulo”. “Não existe essa reunião. O ministro faltou com a verdade. Ele esteve comigo uma vez para fazer um acordo com o pessoal dele para eu não denunciar o esquema”, completou.
Segundo a versão do delator, o homem-forte do esporte havia prometido limpar o nome do policial em troca do silêncio dele, para que não expusesse esquema de desvio de dinheiro público envolvendo organizações não governamentais (ONG).
“Atentem-se a quem acusa. A manifestação desse delinquente é a manifestação de quem teve desejos feridos”, atacou Silva, no Congresso. Segundo ele, Dias está sendo acusado pelo Ministério Público e deverá ser condenado em breve, e por essa razão estaria disparando “informações falsas” na imprensa. “Não se pode macular a vida de uma pessoa baseado na acusação de um farsante”, apontou o ministro.
Novamente, como na coletiva de imprensa realizada na última segunda, as críticas de Silva se concentraram na reportagem da “Veja”, a qual relata suposto esquema de corrupção no qual o político do PCdoB seria o mentor. A outra reportagem veiculada no último fim de semana, do “Fantástico”, da TV Globo, não foi mencionada em nenhum dos esclarecimentos.
Ambas as publicações apontam o ministro como gerente de esquema envolvendo o programa social Segundo Tempo, administrado pela pasta. O projeto é uma das bandeiras do Ministério, mas estaria sendo usado para desviar dinheiro público por meio da contratação de empresas de fachada para fornecimento de materiais esportivos e alimentação.