Um dia depois de ter oficializado a queda de Orlando Silva Júnior, o governo federal anunciou nesta quinta-feira que o Ministério do Esporte passará às mãos de Aldo Rebelo, que a exemplo do antecessor é filiado ao PC do B. Ele foi o único nome indicado pelo partido para a pasta, acatado posteriormente pela presidente Dilma Rousseff.
O nome de Rebelo (SP) já vinha sendo tratado como favorito para ocupar a pasta antes mesmo da queda de Orlando Silva Júnior (BA). Ele fazia parte de uma lista inicial do PC do B, que também cogitou Luciana Santos (PE) e Flávio Dino (MA), mas o partido decidiu entregar apenas uma opção ao governo federal.
Na manhã desta quinta-feira, Rebelo participou de uma reunião com a presidente Dilma Rousseff. Depois, concedeu entrevista coletiva e anunciou que seria o novo ministro responsável pelo Esporte, pasta que está sob tutela do PC do B desde a gestão de Luiz Inácio Lula da Silva.
“A presidente não passou detalhes sobre a pasta, e nem teria como fazer isso. Fui convidado para assumir o ministério, e agora preciso entrar em contato com a equipe para iniciar a transição”, disse Rebelo durante a coletiva.
Antes de Rebelo ser oficializado, Orlando Silva Júnior usou o microblog Twitter para desejar sorte ao sucessor. “Bom dia, Aldo Rebelo! Deus ilumine teus caminhos. Bom trabalho”, disse o ex-ministro.
A queda de Orlando Silva Júnior é reflexo de uma série de denúncias envolvendo o ministério que ele comandava. As acusações têm como principal foco o programa Segundo Tempo, que destina dinheiro a projetos de fomento esportivo por meio de ONGs.
Em entrevista à revista “Veja”, o policial João Dias Ferreira, que já havia sido preso, delatou um esquema de comissões para a liberação desse dinheiro. Segundo ele, Orlando Silva Júnior teria recebido propina em uma garagem do ministério.
A acusação foi negada pelo ex-ministro, que preferiu destratar Dias Ferreira e questionar a credibilidade do policial. Contudo, a situação do então ministro ficou mais complicada quando reportagem da “Folha de S.Paulo” mostrou documentos que provam que Silva Júnior sabia que a ONG do delator tinha irregularidades. Mesmo assim, reduziu as contrapartidas necessárias para que a entidade se tornasse apta a receber dinheiro do programa.
Soma-se ao cenário de pressão interna um problema de relacionamento entre Silva Júnior e a cúpula da Fifa, entidade que controla o futebol mundial. De acordo com o jornal “O Estado de S. Paulo”, a direção da instituição via no ministro um grande entrave para a aprovação da Lei Geral da Copa do Mundo de 2014.
Silva Júnior é o sexto ministro alijado do cargo em seis meses do governo da presidente Dilma Rousseff. Antes dele, Antonio Palocci (Casa Civil), Alfredo Nascimento (Transportes), Nelson Jobim (Defesa), Wagner Rossi (Agricultura) e Pedro Novais (Turismo) haviam deixado seus postos.
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