A Panasonic anunciou, em cima da hora, a renovação de seu patrocínio à equipe chefiada por Ricardo Zonta na Copa Nextel Stock Car. Depois de alguns anos sem resultados expressivos na categoria, o time prometeu melhorias técnicas, competitividade e conquistou mais um ano com os japoneses. Em tempos de crise, a marca de renome mundial apostou no esporte como meio de manutenção da imagem na mídia.
E o primeiro resultado do ano animou os patrocinadores. Em meio a uma prova confusa, com capôs voadores e a suspensão do primeiro lugar pela direção de prova, o próprio Ricardo Zonta cruzou a linha de chegada na primeira colocação. Em entrevista exclusiva à Máquina do Esporte, Marcelo Miake, gerente geral de marketing da Panasonic, explicou a importância do desempenho na parceria e revelou suas expectativas para 2009.
?A equipe fez um trabalho legal, já começou a mostrar serviço na temporada passada. A gente sempre brincava que tinha de ganhar, porque se estiver para trás não aparece nada. Aí o próprio Zonta viu isso e resolveu investir?, disse o executivo.
O incidente da corrida inaugural da categoria, quando o piloto da Panasonic Racing viu a vitória ficar com Paulo Salustiano por decisão dos organizadores, mostrou a dificuldade na preparação dos carros. Em um momento de instabilidade econômica, o novo bólido da Stock Car escancarou as dificuldades técnicas e até financeiras das equipes.
A confiança no automobilismo, no entanto, não limitou a atuação da Panasonic no marketing esportivo. No clássico entre Corinthians e Palmeiras, pelo Campeonato Paulista, a marca esteve presente nas mangas alvinegras, e participou do primeiro gol de Ronaldo pelo seu novo clube.
?Nós estamos sempre abertos às oportunidades. Não tem nada muito planejado para esse tipo de coisa. O que sabemos é que em momentos de crise você não pode sumir. A hora que passar a crise você tem de estar na mente das pessoas?, avaliou Miake.
Leia a íntegra da entrevista a seguir:
Máquina do Esporte: Por que vocês escolheram manter o investimento na Copa Nextel Stock Car?
Marcelo Miake: Já íamos renovar antes da crise, mas aí fomos escolher melhor onde manter o investimento. A Stock dá muita visibilidade por causa da TV, e também conseguimos muitos canais de relacionamento. Nós fazemos, por exemplo, campanhas para vendedores de forma regionalizada. Isso foi muito importante para a gente continuar na equipe. E cobramos para que a equipe vá para a frente. Eles fizeram um trabalho legal, mostraram serviço na temporada passada. Na primeira prova, era visível que o Zonta estava sobrando. Vimos nitidamente que estava muito rápido.
ME: Em um grid tão concorrido como da Stock, é muito importante estar na frente, em termos de exposição de marca?
MM: Olha, no ano passado a gente até falava, meio em tom de brincadeira, sobre o assunto, porque ele sempre quebrava. E se você estiver da metade para trás não aparece, salvo em acidentes. O próprio Zonta viu o problema e investiu nisso. Um engenheiro [o argentino Miguel Navarro] foi contratado para ser chefe só da equipe, e nas últimas três provas de 2008 começou a haver retorno. A chegada dos engenheiros mudou tudo e rendeu até um pódio na última corrida. Como é um ano de carros novos, você tinha de ter uma equipe de engenheiros muito forte. Eu acho que isso está acontecendo e fiquei bem surpreso.
ME: Mas a escuderia começa o ano com 40% do carro ainda à venda, com ameaça de redução de performance caso não houvesse novos patrocínios. Como você vê essa situação?
MM: Eu não acredito nisso. Eu acho que ele vai ter a mesma performance o ano inteiro. Acho que o Zonta não vai deixar isso acontecer. O carro está andando na frente, e interessados vão surgir a qualquer momento.
ME: No ano passado, a Vicar abriu mão de quatro provas inteiras na Globo, aos sábados, para favorecer o relacionamento dos patrocinadores com etapas no domingo. Vocês concordam com essa visão?
MM: Essa é difícil. Nós tivemos alguns problemas com as corridas aos sábados em 2008. Como temos muito convidados com atividades ao sábado, tivemos problemas com o relacionamento. Nós colocamos isso para a Vicar. Nos sábados não estava legal. Eles tinham atrelado a prova ao término do treino da Fórmula 1. Eu não tenho os números para ver se isso funcionou, mas o melhor dia para nós é no domingo. Agora, o ideal é transmitir na íntegra [nesse ano só a parte final será exibida]. Mas está dentro do Esporte Espetacular, com a Globo mostrando mesmo que aos pedaços. Eu acho melhor assim que aos sábados.
ME: E qual a importância do Ricardo Zonta nesse investimento? O nome dele pesa?
MM: Olha, quando eu falo para a minha matriz que estou investindo localmente na Stock, o japonês já conhece o Zonta. A matriz conhece ele. Um desconhecido vai gerar desconfiança. Então, isso diferencia o projeto, até pela passagem dele pela Fórmula 1. Nesse ponto, é bom para os dois lados, porque ele precisa de um patrocinador de nome mundial e nós precisamos da força de alguém como ele.
ME: Como você avalia a atuação da Panasonic em outros setores do esporte?
MM: A gente tem um histórico mundial de patrocínio, por exemplo, aos Jogos Olímpicos. Então, a própria empresa tem uma política de investimento no esporte. Isso facilita um pouco. A gente ficou dois anos no Santos, e foi um momento de pegar mais a massa, o público geral. O jogo com o Corinthians já foi voltado à visibilidade. A Panasonic precisa expor cada vez mais a sua marca.
ME: Vocês tem outros planos para o setor?
MM: Nós estamos sempre abertos à oportunidade, mas não tem nada muito planejado para esse tipo de coisa. O que sabemos é que em momentos de crise você não pode sumir. A hora que passar a crise, você tem de estar na mente das pessoas.
ME: Só que ações ocasionais, como essa de vocês no Corinthians, vão contra a teoria do bom marketing esportivo, que fala em ligação estreita com o público. Isso não faz falta para vocês?
MM: Eu acredito que isso seja muito importante, mas é difícil mensurar se sentimos falta. Você tem, além do patrocínio, muitas atividades com as quais pode atingir o consumidor, seja em PDV?s, internet ou promoções culturais. Eu não sei te afirmar se faz falta, mas é importante.