O Sesi anunciou, no começo desta semana, seu time de vôlei profissional. A segunda modalidade do país, no entanto, será apenas a cereja do bolo de um projeto maior, que envolve esportes variados e um forte viés de inclusão social. Com um investimento de R$ 5 milhões, a entidade pretende reformular todo o seu projeto de educação física, voltando sua atenção também para o alto rendimento.
Um dos principais responsáveis pela reviravolta em questão, Alexandre Meyer Pflug, diretor de esportes e lazer do Sesi, conversou com exclusividade com a Máquina do Esporte. Entre outras coisas, o ex-atleta de pólo aquático explicou que pretende ter um time em cada uma das principais ligas brasileiras, usando como suporte humano sua base de alunos, que hoje chega a 120 mil.
?Nós vamos trabalhar com o máximo de esportes possíveis, saindo da aula mais lúdica que temos hoje. Vamos estruturar as nossas escolas para que possamos pescar talentos para o alto rendimento?, disse Pflug.
O projeto é ambicioso. Além de aprimorar as aulas, o Sesi vai contratar professores especializados em todas as áreas. Eles serão responsáveis pela seleção dos garotos mais talentosos, que vão subindo de nível até o time de ponta da entidade, que disputará os principais torneios nacionais.
Acima dos professores estarão coordenadores renomados em cada área. A ideia é que, em médio prazo, o sistema Sesi de prática e ensino do esporte seja criado. Por enquanto, a entidade ainda pensa em temas mais corriqueiros, como a dificuldade em convencer a Globo a citar seu nome durante as transmissões.
?Quando pensamos na mídia nós nos preocupamos com o fato de que estamos contribuindo para a formação do cidadão. Hoje nós atingimos uma área muito grande, e para nós tanto faz se temos a citação, porque o nosso projeto não muda?, avaliou.
Leia a íntegra da entrevista a seguir:
Máquina do Esporte: Qual é o objetivo do Sesi com essa reviravolta no esporte?
Alexandre Meyer: Nós estamos remodelando todo o nosso sistema de educação física. Até então, as aulas eram sempre uma coisa meio lúdica, e agora as crianças vão ter uma vivências em todas as modalidades. Elas vão ter de praticar todos os esportes que estão à disposição na unidade delas. Dentro desse universo de 120 mil pessoas, cada escola vai ter um professor especializado, que vai pescar os talentos. Aí ele entra no programa Atleta do Futuro, saindo da aula de educação física e indo para a equipe da modalidade mais próxima. Nesse time, ela disputa os Joguinhos do Sesi, e quem se destacar vai para a equipe institucional.
ME: E a partir daí o projeto funciona como alto rendimento?
AM: Nesse começo, nós vamos contratar equipes sub-17, que servirão de base para o profissional. Nós teremos, então, dois times dessa categoria, um de alunos e outro não, que serão complementares e em alto rendimento. A tendência é que em alguns anos nós já tenhamos a estrutura só por nossa conta.
ME: Vocês pretendem viabilizar a estrutura necessária para tudo isso com mais patrocinadores?
AM: Nós até pensamos, mas o nosso maior problema é que não podemos escolher. Como nós somos o Sesi, nós recebemos uma proposta e temos de oferecer para toda a indústria. Isso atrapalha. Além disso, nós estamos envolvidos em muitos esportes que não são televisionados, como o pólo aquático.
ME: Já que você falou em mídia, explique o posicionamento do Sesi em relação à postura da Globo, que não cita os patrocinadores?
AM: Quando pensamos na mídia nós nos preocupamos com o fato de que estamos contribuindo para a formação do cidadão. Hoje nós atingimos uma área muito grande, e para nós tanto faz se temos a citação, porque o nosso projeto não muda. Agora, seria interessante? É lógico que sim. Mas nós também entendemos o lado da mídia, que depende da verba dos seus patrocinadores para sobreviver.
ME: Nós estamos falando em um projeto de grandes proporções. Porque o contrato com o vôlei, por exemplo, tem só um ano de duração?
AM: Essa é uma política do Sesi. Todos os nossos contratos são renovados ano a ano. Nós não gostamos da ideia de ficarmos presos a um compromisso muito extenso.