Ganhou um novo capítulo a polêmica acerca do patrocínio da Dow Chemical à cobertura do estádio olímpico de Londres, um dos principais aparatos dos Jogos Olímpicos deste ano. Em comunicado oficial, a Anistia Internacional condenou o aporte e exigiu que o comitê organizador local admita que errou na associação.
O cerne do problema é a Union Carbide, companhia que é propriedade da Dow Chemical. A empresa causou em 1984 o maior acidente industrial da história da Índia, e até hoje enfrenta o governo local nos tribunais para determinar as consequências.
Naquela época, um vazamento de 40 toneladas de gases tóxicos matou quase dez mil pessoas em apenas uma noite. A Union Carbide chegou a desembolsar 300 milhões de libras como indenização pelo caso, mas o governo exige 1,1 bilhão de libras da empresa.
A Dow Chemical, proprietária da Union Carbide, fechou um aporte de sete milhões de libras para viabilizar a cobertura do estádio olímpico. Em novembro do ano passado, um grupo de atletas da Índia chegou a elaborar uma petição por um boicote do país a Londres-2012, projeto endossado pelo ministro do Esporte indiano, Shivraj Singh Chauhan.
O projeto foi rechaçado pelo comitê olímpico indiano. Dias depois de a petição ter se tornado pública, a entidade emitiu comunicado oficial para dizer que não considerava a possibilidade de boicote aos Jogos.
No entanto, a celeuma causou uma vítima. Meredith Alexander, responsável pelo comitê de ética do comitê organizador local dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos, deixou o cargo porque “não queria ser cúmplice da defesa da Dow Chemicals”.
O posicionamento da Anistia Internacional reaquece esse debate. “Os direitos humanos não foram considerados quando o contrato com a Dow foi assinado. A empresa se negou a assumir a responsabilidade pelas vítimas de Bhopal”, diz o comunicado da instituição.
O comitê organizador local ainda não se posicionou sobre o comunicado da Anistia Internacional.