A Federação Paulista de Futebol (FPF) acredita que poderá agir de maneira mais eficaz e punir os crimes de ódio no futebol do estado a partir da publicação do “Tratado pela Diversidade e contra a Intolerância no Futebol Paulista”.
Para Mauro Silva, vice-presidente da entidade, ao estabelecer protocolos e treinar seus funcionários, a federação terá mais condições de combater o problema.
“Com o Tratado, a Federação Paulista de Futebol dá um passo histórico para ir além das campanhas de conscientização e educação”, afirmou o dirigente, em entrevista à Máquina do Esporte.
O tratado define os variados crimes de intolerância e estabelece as maneiras de agir imediatamente após a denúncia feita aos funcionários da FPF em eventos oficiais do futebol no estado.
Crimes
“O acolhimento à vítima é um dos pontos mais importantes deste novo documento. As sanções para crimes de racismo, LGBTfobia, xenofobia, tanto leis quanto aquelas previstas nos nossos regulamentos, devem ser aplicadas com rigor”, disse Mauro Silva, que integrou a seleção brasileira no tetracampeonato mundial em 1994.
Divulgado pela FPF, o documento de 13 páginas define os crimes de discriminação racial, contra pessoas LGBTQIAPN+ e xenofobia; e capacitismo e discriminação contra pessoas com deficiência.
“O futebol tem um papel histórico nas bandeiras sociais e influencia diretamente o comportamento das pessoas”, destacou Mauro Silva.
“Desde a criação do nosso Comitê de Diversidade e Inclusão, e agora com o Tratado, o futebol paulista busca dar um basta definitivo a qualquer tipo de discriminação”
Mauro Silva, vice-presidente da FPF
Protocolo
A orientação para o caso de algum incidente durante as competições é que os profissionais da federação, em primeiro lugar, não relativizem a denúncia da vítima. Em seguida, é preciso mostrar empatia pela vítima, dar acolhimento e oferecer proteção. Se necessário, será preciso retirar a vítima do ambiente da confusão. Em seguida, pedir ajuda à segurança do evento ou à polícia.
A partir daí, haverá a formalização da denúncia, com as informações sendo passadas para a súmula ou o relatório da partida. Se possível, o funcionário deve coletar provas do incidente, como gravações e vídeos de insultos ouvidos pela vítima.
Os profissionais da federação também terão a responsabilidade de orientar as vítimas e os representantes do clube sobre desdobramentos esportivos e criminais.
Na parte esportiva, as provas serão enviadas para julgamento e possível punição no Tribunal de Justiça Desportiva de São Paulo (TJD-SP). No âmbito criminal, haverá a formalização da denúncia em uma unidade policial.
“Precisamos construir um ecossistema seguro para todos”, enfatizou Mauro Silva.
“Antes mesmo do Tratado, que orienta os profissionais para coleta de provas e denúncias, a FPF já vem realizando treinamentos e palestras com os profissionais envolvidos nos jogos, e os árbitros já possuem há algum tempo a orientação de interromper um jogo em casos de manifestações criminosas desta natureza”, acrescentou o dirigente.