A presidente do Palmeiras, Leila Pereira, manifestou-se publicamente após o caso de racismo contra dois jogadores do time Sub-20 do clube, Luighi e Figueiredo, durante jogo da Copa Libertadores da categoria.
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Antes da apresentação oficial do atacante Vitor Roque, principal contratação do clube na temporada, a dirigente criticou o Cerro Porteño, adversário do Palmeiras na noite desta quinta-feira (6), e a Conmebol.
“Não posso deixar de comentar com vocês sobre o que ocorreu e as providências que o Palmeiras está tomando em virtude desse crime que aconteceu”, disse Leila, logo na abertura da coletiva, antes de receber qualquer questionamento dos repórteres.
A presidente do clube afirmou que ligou para Luighi e para João Paulo Sampaio, coordenador das categorias de base, que está em San Lorenzo (Paraguai), com a delegação, para manifestar apoio.
Ela também fez uma série de ligações para tomar as primeiras providências em relação às manifestações racistas de torcedores do Cerro Porteño, que imitaram um macaco para os jogadores do Palmeiras. Um deles, inclusive, cuspiu em Figueiredo.
A dirigente criticou a falta de combate da Conmebol em relação aos constantes crimes de racismo em jogos de torneios da entidade.
“Não consegui falar com o presidente Alejandro [Domínguez, mandatário da Conmebol]. Falei muito tempo com o presidente Ednaldo [Rodrigues, presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF)]. Ele colocou à disposição o departamento jurídico da CBF para trabalhar com o nosso, dentro da legislação, para fazer o que é possível, de forma eficaz”, afirmou Leila.
“Foi um fato muito grave. Acho que a Conmebol está sendo muito displicente com relação a esses fatos”
Leila Pereira, presidente do Palmeiras
Crimes
Leila citou outros episódios de racismo da torcida do Cerro Porteño sem que tenha havido nenhuma punição dura. Em 2022, torcedores do clube paraguaio imitaram um macaco para a torcida do Palmeiras.
No ano seguinte, em jogo da fase de grupos, ocorreu o mesmo crime, dessa vez contra o banco de reservas do Palmeiras. Bruno Tabata, então no clube, imitou o gesto do animal para chamar atenção para o que estava ocorrendo.
O meio-campo acabou punido com quatro meses de suspensão. O Palmeiras recorreu, mas não conseguiu diminuir a pena. Já o Cerro Porteño levou multa de US$ 100 mil e teve parte da arquibancada interditada apenas no jogo seguinte.
“Pensamos não só na exclusão deles [Cerro Porteño] por esse fato, mas como um todo pela sequência de fatos que ocorre com esse clube. Não vejo providência nenhuma, nem desse clube nem da Conmebol. Se não resolvermos na Conmebol, resolvemos na Fifa”, ameaçou Leila.
Fifa
Na tarde desta sexta-feira (7), o próprio presidente da Fifa, Gianni Infantino, pronunciou-se a respeito do caso.
“Estou profundamente indignado com o abuso racista sofrido pelo jogador Luighi , do time Sub-20 do Palmeiras, no Paraguai. É de partir o coração ver um jovem jogador ser levado às lágrimas por um comportamento tão vergonhoso. O futebol deve ser um espaço de respeito, inclusão e união, e tudo começa com os jovens e a base”, afirmou o dirigente em suas redes sociais.
“Luighi, nós o apoiamos e temos o compromisso de lutar por um futebol em que todos sejam tratados com o respeito que merecem”, acrescentou Infantino, em um story publicado em português.
Conmebol e CBF
Após a partida, a Conmebol, como tem sido praxe, emitiu uma nota vaga, sem prometer nenhuma punição efetiva contra a torcida infratora ou ao clube paraguaio.
A entidade afirmou que rejeita “categoricamente todo ato de racismo ou discriminação de qualquer tipo”. Afirmou que medidas disciplinares seriam implementadas e ações estariam “sendo avaliadas em consulta com especialistas da área”.
No final do dia, a CBF informou que enviou um documento de 29 páginas à Conmebol pedindo punição dura para o crime.
“O que a CBF espera da Conmebol neste momento de dor é que tenha penas bastante relevantes. Que não sejam multas pecuniárias, que sejam multas desportivas, aplicando diretamente punição e detenção dos infratores, e a exclusão do clube que é reincidente neste tipo de situação”, afirmou Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF.
Cerro Porteño
Diante da repercussão internacional, o Cerro Porteño só se manifestou nesta sexta-feira (7), no dia seguinte ao episódio, também com uma nota oficial genérica, afirmando “total repúdio a todo tipo de fatos de racismo, xenofobia e discriminação”.
O time paraguaio também manifestou solidariedade a Luighi e disse “condenar todo tipo de condutas de discriminação e comentários ofensivos”. De medida prática, porém, nada foi feito pela diretoria do clube, nem para identificação dos criminosos e sequer um pedido para que sejam punidos.