O que há em comum entre Jade Barbosa, da ginástica olímpica, Coritiba, do futebol, e Sport e Vivo/Minas, do vôlei? Nos últimos dois meses, todos eles fecharam contratos de patrocínio com um mesmo patrocinador. Eles foram artífices de um novo posicionamento do BMG no segmento esportivo.
Líder do mercado nacional de crédito consignado, a instituição financeira está presente em todas as capitais do país. Satisfeita com sua participação de mercado e com sua abrangência, o BMG busca agora um reconhecimento maior para a marca. E para isso, o esporte é a principal arma da empresa.
Essa lógica traduz o pensamento de Ricardo Guimarães, presidente do BMG. Apaixonado por esporte, ele já teve uma ligação mais intrínseca com a área quando comandou o Atlético-MG. Agora, a despeito de não atuar diretamente no segmento, aposta nele como um meio para consolidar a posição que seu banco atingiu desde o início do século.
?Somos líderes do mercado, o banco que mais gera operações no país, mas precisamos fixar a marca. O esporte é excelente para isso?, disse Guimarães em entrevista exclusiva à Máquina do Esporte. Segundo ele, o banco incrementou o investimento no esporte em três ou quatro vezes de 2008 para 2009.
Leia a íntegra da entrevista a seguir:
Máquina do Esporte ? Em comparação com o ano passado, qual foi o crescimento do investimento do BMG no esporte?
Ricardo Guimarães ? Em relação ao ano passado, mais do que triplicamos o nosso investimento. Mais do que quadruplicamos, talvez. Sabemos que é um período em que muitas empresas estão fazendo cortes, mas nós acreditamos. Somos otimistas, temos fé no país e nos nossos negócios. Ah, e temos muita confiança no esporte.
ME ? A que se deve essa avidez do banco por parcerias comerciais no segmento esportivo?
RG ? O BMG tem uma presença nacional. Está em todos os Estados da federação, em todas as capitais e quase todas as cidades. Nossas atividades são focadas no crédito consignado, com um trabalho voltado a aposentados do INSS, servidores federais, estaduais e municipais. Fiz esse histórico para mostrar a abrangência do banco, e agora é importante trabalhar a fixação da marca. Somos líderes do mercado, o banco que mais gera operações no país, mas precisamos fixar a marca. O esporte é excelente para isso.
ME ? A despeito de o investimento no esporte ter aumentado agora, o BMG já trabalhava nessa área. Vocês têm levantamentos sobre o retorno que a marca tem ao se associar a entidades esportivas?
RG ? Nós estamos bastante satisfeitos com o retorno. Existe uma aferição do quanto a marca é mostrada, de centimetragem em jornais e revistas, tempo de televisão, fala no rádio e espaço em internet. Estamos felizes, e existe uma satisfação por estarmos colaborando. O esporte tem um lado social importante. É um produto considerado benéfico para o usuário, assim como nós consideramos o crédito consignado. Entendemos que essa linha do banco atinge as classes C, D e E, e o esporte também. Por isso, estamos incrementando a aposta e ajudando atletas que estão sem patrocínio. A ideia é estimular pessoas.
ME ? Mas por que vocês decidiram aumentar o investimento agora, num momento em que o mercado ainda tenta se recuperar dos efeitos da crise econômica mundial?
RG ? O BMG sempre teve uma característica de ser pioneiro nos segmentos em que atua. Acreditamos naquele ditado: ?quem chega primeiro bebe água limpa?. Se você vai no embalo do mercado, vai dividir as coisas com muitos concorrentes e competidores. Os investidores do Brasil começam a reaparecer neste momento, e nós saímos na frente. Sempre tivemos uma visão otimista da economia, do mercado e do nosso negócio. Acreditamos que essa é a hora certa para aparecer. E nunca é demais frisar que reconhecemos o lado social desse investimento no esporte.
ME ? Vocês fecharam patrocínio ao Vivo/Minas e ao Sport, duas equipes de vôlei. Recentemente, a modalidade teve uma debandada de patrocinadores e alguns saíram com a alegação de que não suportavam a política da Globo, emissora responsável pelas transmissões, de não falar o nome das empresas. Isso prejudica o BMG de alguma forma? Qual é a opinião de vocês sobre o tema?
RG ? Seria muito bom se a emissora citasse o nome das empresas. Seria importante e ajudaria o esporte, mas a nossa imagem aparece independentemente disso. Todo mundo vê nosso logotipo ali, e o vôlei é uma modalidade que cresceu muito nos últimos anos. Antes o basquete talvez tivesse mais divulgação, mas hoje o vôlei ocupou um espaço muito grande. Há diversas gerações competitivas, e isso atrai a atenção das pessoas. Ainda mais com a repatriação de jogadores que estavam no exterior, que aumentou o destaque para o mercado interno neste ano. A TV também vai transmitir um número maior de jogos, assim como a TV fechada. É um mercado importante, e vamos estar lá com o Sport e com o Minas, que é muito tradicional e vai competir fortemente.
ME ? Quais são os pontos que o BMG considera para escolher um atleta ou uma instituição para patrocinar? Acordos com equipes como Coritiba (no futebol) e Sport (no vôlei) mostram uma preocupação de vocês de investir fora de Minas Gerais?
RG ? Aparecem muitas oportunidades, constantemente. Nós analisamos, e sempre tivemos grande atenção com Minas Gerais. Fizemos também uma divulgação grande no Rio de Janeiro quando patrocinamos o ?gol mil? do Romário. Além disso, temos um bom mercado em São Paulo. Então surgiram Coritiba e Sport, que são instituições grandes, importantes e respeitadas. Temos orgulho de vincular nossa marca a essas entidades e aos torcedores que as acompanham. É importante diversificar o esporte e a praça.
ME ? Como o BMG pretende ativar todos esses patrocínios?
RG ? Uma preocupação que nós temos, como eu já disse, é a questão social. Vamos fazer muitas ações nesse sentido. Estamos trabalhando para dar condições a muitos que estão em dificuldades, até porque o Brasil é complicado. Estamos em um ano de crise no mundo inteiro, e alguns destaques de sucesso comprovado estão sem patrocínio. Olhamos esse lado social, mas o objetivo é divulgar a marca do BMG. Queremos uma reafirmação do nome, e para isso faremos uma campanha com o público exterior e interior. Vamos trabalhar funcionários, clientes e a rede de correspondentes que é uma das nossas forças. São mais de 30 mil em um sistema de venda terceirizada, que trabalham juntamente com o banco.
ME ? Vocês pretendem interligar de alguma forma os patrocínios de diferentes modalidades ou diferentes atletas?
RG ? Nós queremos fazer isso, sim. Não sei se há condições de fazermos algo com todos eles juntos, mas está na nossa estratégia de marketing interligar alguns deles com a nossa atividade e com o nosso nome.
ME ? Qual é o próximo passo para o BMG? Vocês pretendem aumentar ainda mais a lista de patrocinados?
RG ? Na realidade, já temos uma gama bem diversificada de patrocínios em termos de praças e tipos de esportes. Agora é consolidar. Estamos em placas em todos os estádios e transmissões da Série B do Campeonato Brasileiro. Agora precisamos administrar o que conquistamos e conseguimos. Vamos fazer ações para aproveitar esses patrocínios. As portas nunca estão fechadas e vamos vincular o nome se aparecer alguma atividade boa, mas precisamos analisar.
ME ? Quanto o BMG espera crescer a partir dos patrocínios ao esporte?
RG ? É difícil fazer uma projeção sobre isso. Sabemos que o esporte ajuda muito, e o depoimento que podemos dar é que é bastante positivo. Por isso é que estamos ampliando, aliás. Com certeza ajuda muito, mas transformar isso em números é um pouco subjetivo.
ME ? E para o mercado, de uma forma geral, qual é a expectativa do BMG para este ano?
RG ? O BMG é líder no segmento em termos de carteiras e operações geradas. Temos 20% do mercado, e esse mercado está crescendo bastante. O primeiro foco é manter o que já conseguimos. Estamos em um segmento crescente, e para nós é muito mais do que satisfatório manter essa faixa de controle. O difícil é manter a liderança, e é isso que estamos tentando.