Com o anúncio da renovação de contrato da Superbet com o São Paulo até 2030, ano do centenário do clube paulista, e o aumento de 50% do valor pago ao Tricolor já em 2025, as plataformas de apostas já superam a marca de R$ 1 bilhão nas camisas dos 20 clubes da Série A do Campeonato Brasileiro, segundo levantamento feito pela Máquina do Esporte.
“Acabamos de fechar o maior contrato de patrocínio da história do futebol brasileiro: uma parceria entre a Superbet e o São Paulo, que pode chegar a R$ 1 bilhão nos próximos seis anos”, anunciou Alex Fonseca, CEO da Superbet, em um story publicado em sua conta pessoal no Instagram.
Para além de mais um número bilionário divulgado nesse segmento, a Superbet também se tornou a segunda empresa a garantir patrocínio ao São Paulo no ano em que o Tricolor irá comemorar seu centenário, informação que já havia sido antecipada pela Máquina do Esporte. A outra havia sido a Ademicon.
No total, os investimentos de apostas no Brasileirão chegam a R$ 1.013.500 em 2025, com reajustes nos próximos anos e possibilidade de que o montante seja ainda maior de acordo com metas de desempenho.
Como comparativo com a última temporada, as plataformas de apostas investiram R$ 600,2 milhões nos clubes da Série A. À época, 19 dos 20 times possuíam um parceiro desse segmento. A exceção foi o Cuiabá, rebaixado para este ano. Essas empresas já eram dominantes: 75% das equipes tinham plataformas de apostas como patrocinador máster.
Parecia difícil um domínio maior do que havia ocorrido em 2024. No entanto, no primeiro ano com o mercado totalmente regulado pelo Governo Federal, a concorrência se acirrou para a conquista dos corações e das mentes dos torcedores. Neste ano, já houve um aumento de 69% no investimento em marketing esportivo nos clubes do Campeonato Brasileiro.
Não bastasse isso, outra casa de apostas, a Betano, é detentora dos naming rights da competição desde o ano passado. O investimento fica entre R$ 70 milhões e R$ 80 milhões por temporada. Ou seja, contando mais esse aporte, o número se aproxima de R$ 1,1 bilhão.
Geração de negócios
Segundo especialistas ouvidos pela Máqiuna do Esporte, as plataformas de apostas têm optado por remunerar os clubes mais de acordo com a ampliação de sua base de clientes do que com conquistas de títulos. Ou seja, quanto mais negócios o clube gerar para a patrocinadora, melhor, mesmo que o desempenho em campo fique aquém do esperado.
É a primeira vez na história que um setor da economia supera R$ 1 bilhão de investimentos na Série A do Brasileirão. Também é uma das poucas vezes em que um segmento consegue praticamente 100% de exibição na área mais nobre do uniforme dos times da elite.
Em 2025, 19 dos 20 clubes contam com patrocínio máster de sites de apostas. A exceção é o Red Bull Bragantino, que, por motivos óbvios, tem a marca de energéticos como sua patrocinadora principal. A Betfast, parceira de apostas do time de Bragança Paulista (SP), possui exposição nas mangas e na barra traseira da camisa.
Outro representante do interior paulista, o Mirassol também é um caso à parte. Embora a exposição da 7k seja na barra frontal, o próprio clube admite que a casa de apostas é quem é, na prática, a patrocinadora máster.
A 7k paga R$ 4,5 milhões pela exposição no uniforme, valor superior ao do Guaraná Poty, que ocupa o espaço acima no uniforme. O time de Mirassol teve uma valorização de 73% no contrato com a ascensão à Série A em 2025.
Campeões
Os maiores contratos com sites de apostas pertencem a Flamengo (R$ 115 milhões da Pixbet), Corinthians (R$ 103 milhões do Esportes da Sorte) e Palmeiras (R$ 100 milhões da Sportingbet).
Neste ano, a troca de alguns patrocínios e a garantia de que os sites de apostas passassem a expor o logotipo no espaço máster rendeu reajustes consideráveis para alguns clubes brasileiros. Entre os 20 clubes da Série A, 9 conseguiram uma valorização de 100% ou mais em seus contratos com empresas do setor.
Nesse aspecto, o Palmeiras foi o campeão, com aumento de 441% graças à troca do Esportes da Sorte, que era patrocinador máster apenas do time feminino, além de contar com ativações digitais, pela Sportingbet, que substituiu a Crefisa no espaço mais nobre do uniforme da equipe masculina.
Outros clubes que conseguiram boa valorização neste ano com o patrocínio de empresas de jogos de azar foram Sport (267%), Atlético-MG (233%), Red Bull Bragantino (200%), Grêmio (163%), Vitória (122%), Bahia (111%), Internacional (108%) e Botafogo (100%).
Elite
Os anunciantes das camisas da elite do futebol brasileiro representam um seleto grupo de 17,3% das empresas habilitadas a explorar apostas no Brasil e apenas 8,5% das marcas disponíveis aos torcedores do país.
Pela lei brasileira, cada casa de apostas pode explorar até três marcas, embora muitas delas não façam uso desse dispositivo. Segundo a relação da Secretaria de Prêmios e Apostas do Ministério da Fazenda (SPA/MF), 177 marcas de 81 empresas (média de 2,2 por companhia) estão habilitadas a operar no Brasil.
Dessas, 9,9% das firmas e 10,16% das marcas ainda não contam com licença definitiva, funcionando por intermédio de determinação judicial. No Campeonato Brasileiro, quem vive essa insegurança é o Corinthians, cujo patrocinador máster, o Esportes da Sorte, corre o risco de cair para a ilegalidade, caso a liminar que habilitou sua operação seja cassada.