No último fim de semana, a Samsung realizou em São Paulo a seletiva brasileira do World Cyber Games (WCG). O evento reuniu 172 competidores previamente escolhidos em eliminatórias regionais, que disputaram as nove vagas na delegação brasileira para o Mundial deste ano, na China.
Os jogadores foram divididos em cinco games ? quatro individuais e um com equipes de cinco competidores. No entanto, essa não foi a única cisão vista no evento. Realizado no shopping Eldorado, na Zona Oeste de São Paulo, o WCG teve grande visitação de pessoas que não fazem parte do universo das diversões eletrônicas. Por isso, acrescentou à estrutura da disputa uma série de eventos para ações comerciais e de relacionamento.
O responsável por esse projeto é Rodrigo Moretz, gerente de marketing e relacionamento da Samsung desde 2004. Esse é o mesmo tempo que ele tem de experiência na organização do WCG no Brasil ? contando as eliminatórias regionais, o evento reúne entre quatro e cinco mil competidores.
Mais do que apresentar componentes e tecnologias da Samsung que podem ser usados nos games e posicionar a companhia como uma investidora no segmento dominado pela rival Sony, o WCG é uma das grandes apostas da empresa para se aproximar dos jovens. A proposta é aproveitar essa ação para conquistar um público fiel no futuro.
?O projeto nasceu como forma de ficar perto dos jovens até eles crescerem e se tornarem responsáveis por decisões em casa ou nas empresas. É preciso ter um bom equipamento para jogar, como um monitor, TV ou peças de computador. É uma forma de mostrar a eles o potencial da nossa marca?, disse Moretz à Máquina do Esporte.
Leia a íntegra da entrevista a seguir:
Máquina do Esporte: Por que vocês decidiram fazer esse evento em um shopping?
Rodrigo Moretz: Estar aqui tem uma variável interessante para nós, que é a quantidade de pessoas que circulam pelo local. O fato de realizar esse evento em um shopping me aproxima de um público diferente, que não faz parte do nosso ambiente comum. Eu consigo atrair a família, o povo que frequenta o shopping e passa por aqui. Os gamers eu já tenho.
ME: Mas como vocês fazem para que fanáticos por jogos e curiosos convivam em um mesmo espaço? Os focos são bastante diferentes…
RM: Nós construímos um palco em que se concentra o campeonato. Ali estão os 172 jogadores que disputam as vagas na delegação brasileira que vai à etapa mundial, que este ano vai acontecer na China. Na parte debaixo, usamos o espaço como forma de mostrar nossas tecnologias, apresentar jogos e fazer relacionamento com o público.
ME: O principal foco do evento é a competição de games ou a possibilidade de realizar uma divulgação da marca na parte mais ?comercial??
RM: A ideia é colocar coisas comerciais sem prejudicar a competição. Os meninos que disputam o campeonato confiam muito na gente nesse sentido. O projeto nasceu como forma de ficar perto dos jovens até eles crescerem e se tornarem responsáveis por decisões em casa ou nas empresas. É preciso ter um bom equipamento para jogar, como um monitor, TV ou peças de computador. É uma forma de mostrar a eles o potencial da nossa marca.
ME: A Sony, concorrente direta de vocês no segmento de produtos eletrônicos, é dona do videogame mais vendido do mundo (Playstation 2). Esse patrocínio a um torneio mundial de jogos funciona como uma resposta a eles?
RM: Oficialmente e propositalmente não. Na prática, isso acaba mostrando que nós também estamos na brincadeira. O projeto nasceu na Coreia, onde o videogame é uma febre. A Samsung investe com apoio a áreas de jogos em todo o mundo, e o WCG faz parte dessa ideia.
ME: Além de serem patrocinadores do evento, no Brasil vocês atuam diretamente na organização. Esse envolvimento acontece também em outras partes do mundo?
RM: Em alguns países nós atuamos somente com patrocínio, com uma agência que cuida das operações. Aqui nós nos envolvemos desde o começo, com parcerias nas etapas regionais e até a eliminatória nacional. Isso acontece também em outros países.
ME: Mas o formato nas outras partes do mundo também une ações comerciais com a disputa da competição?
RM: A fórmula máster é a mesma. O que muda em alguns casos é a proporção do evento, principalmente de acordo com o tamanho do país. Nós temos dimensões muito grandes, muitos garotos, e precisamos fazer uma série de eliminatórias. Em alguns lugares, a organização opta somente por fazer a seletiva nacional.
ME: Como funciona a parceria com o shopping? Vocês pagam por esse espaço? As eliminatórias regionais também são feitas em locais como esse?
RM: Nós temos algumas etapas dentro de parceiros comerciais da Samsung nessa área, como a livraria Saraiva. Pagamos pelo espaço aqui, mas temos uma parceria porque eles abraçaram o evento e nos deram toda a estrutura necessária.
ME: Isso quer dizer que o modelo de eliminatórias nacionais em shopping deve ser repetido nos próximos anos?
RM: Nós vemos esse ambiente como algo muito positivo, porque já nos oferece uma visitação pronta. Nós ficamos muito satisfeitos com o formato. Podemos repetir isso nas próximas edições, sim, mas de repente com um shopping ou uma região diferente. Isso só será conversado em novembro ou dezembro.
ME: Qual é o investimento que a Samsung faz para patrocinar o WCG no Brasil? E no mundo, qual é o montante aplicado?
RM: Nós não podemos divulgar isso.
ME: Qual é o perfil das ações comerciais que vocês fazem no WCG? Vocês se restringem a apresentações e degustações de jogos ou há outras coisas?
RM: Nós também aproveitamos o evento para mostrar tecnologias. Trouxemos para cá uma TV de LED, por exemplo. Ela tem três centímetros de espessura e não atrapalha o jogo de forma alguma. Por causa disso, aliás, colocamos uma dessas lá no palco.
ME: A ideia de vocês é usar esse campeonato no futuro como espaço para o lançamento de tecnologias que possam ser usadas nos games?
RM: O evento não tem esse peso ainda, mas é uma ideia. Temos outras feiras que concorrem com o WCG nessa questão, mas podemos até adicionar essa questão comercial aqui.