O críquete virou um trunfo do Comitê Olímpico Internacional (COI) para a venda dos direitos de transmissão dos Jogos de Los Angeles 2028. O esporte retorna o programa olímpico após 128 anos. A última aparição da modalidade aconteceu nas Olimpíadas de Paris 1900.
Muito popular entre ex-colônias britânicas, o críquete é o grande chamariz para o COI conseguir uma boa valorização nos contratos de direitos de mídia na Índia, nação mais populosa do mundo, com 1,438 bilhão de habitantes. A licitação já foi aberta, com 13 de agosto sendo o último dia para o envio de propostas.
“O esporte mais apreciado pela população indiana é o críquete. Acredito que estamos em um momento em que isso muda o jogo não apenas para a Índia, mas também para o Movimento Olímpico”, afirma Anne-Sophie Voumard, diretora geral de serviços de televisão e marketing do COI, em entrevista à CNBC.
Para a executiva, o retorno do críquete aos Jogos Olímpicos irá gerar um interesse ainda maior no evento em um mercado gigantesco como o indiano.
“Quem vencer essa licitação trará aos torcedores indianos, pela primeira vez, o críquete de volta aos Jogos”, afirma.
Popularização
O COI espera que o burburinho gerado pela presença do críquete em Los Angeles 2028 também ajude na popularização do evento na Índia e gere mudanças de hábitos em toda a população.
“Acreditamos que, quem quer que seja o detentor dos direitos de transmissão, também se tornará o catalisador para o crescimento de outros esportes olímpicos na Índia”, acredita.
“Esperamos que inspire jovens meninas e meninos em toda a Índia a talvez adotar um estilo de vida mais ativo e abraçar novos esportes que talvez não soubessem que existiam antes”, acrescenta.
O COI tem a expectativa de que a concorrência pelos direitos de mídia dos Jogos de Los Angeles 2028 irá atrair a participação de vários players, de diferentes plataformas, na Índia.
“Devido à dinâmica do mercado de mídia na Índia no momento, optamos por abrir uma licitação formal e transparente, na qual convidaremos todos com as mesmas condições”, conta Voumard.
A executiva, porém, não adianta quanto o COI espera arrecadar nessa nova concorrência.
“Não posso divulgar nenhum valor porque é uma informação confidencial. A expectativa é que seja um bom valor.”
Patrocínio
Com o críquete nas Olimpíadas, o comitê também espera atrair empresas indianas como patrocinadoras do evento. Voumard conta que já há conversas em andamento e espera encontrar um parceiro comercial alinhado aos valores olímpicos.
“Queremos ter certeza de encontrar o parceiro que compartilhe os mesmos valores. Esse é o critério número um. Estamos conversando com várias entidades e entendendo também o que é importante para elas”, relata.
“Sabe, talvez também seja uma questão de educar bastante sobre o que o Movimento Olímpico faz e como ele pode atingir os objetivos comerciais das empresas”, completa.
Candidatura
O COI também se interessou pela candidatura da Índia, que quer sediar as Olimpíadas de 2036.
Uma delegação indiana, composta por representantes do Ministério dos Esportes, do governo estadual de Gujarat e da presidente da Associação Olímpica Indiana, Pilavullakandi Thekkeparambil Usha, conhecida como PT Usha, reuniu-se com dirigentes do COI em Lausanne para confirmar esse interesse.
PT Usha é considerada a rainha do atletismo indiano, tendo se tornado a primeira atleta do país a ser finalista olímpica. Em Los Angeles 1984, ela terminou os 400 m com barreiras em quarto lugar, ficando a apenas 1 centésimo de segundo da medalhista de bronze, a romena Cristieana Cojocaru.
Na ocasião, o ouro ficou com Nawal El Moutawakel, primeira marroquina, árabe, africana e muçulmana a ganhar o ouro olímpico. Moutawakel atualmente é uma das vice-presidentes do COI.
“Do ponto de vista comercial [a candidatura indiana] é uma ótima notícia para mim. Há um processo em andamento. Acredito que todos nós acompanharemos com muita atenção o resultado, e acolhemos com satisfação o interesse da delegação indiana aqui na Casa Olímpica”, afirma Voumard.