Há seis anos, a China vem se preparando para organizar a maior edição da história dos Jogos Olímpicos. A cidade de Pequim recebeu investimentos da ordem de US$ 34 bilhões (cerca de R$ 75 bilhões) para sanar antigos problemas e erguer infra-estruturas capazes de entrar para o rol das construções mais espetaculares do meio esportivo. Faltando menos de um ano para o início do evento, porém, o país se depara com uma questão que parece não ter solução: a pirataria. Os chineses lideram o ranking de comercialização de produtos falsos do mundo. Ao todo, o comércio ilegal movimenta cerca de US$ 200 bilhões por ano. Apenas a China é responsável por mais de 1% do total, com US$ 2,7 bi movimentados pelos produtos falsificados. Para os Jogos Olímpicos, o desafio torna-se outro. O país espera arrecadar US$ 300 milhões com a venda de produtos impressos com imagens dos mascotes, estimativa recorde nas Olimpíadas. Contudo, o maior empecilho para alcançar esse objetivo está dentro de casa. A pirataria é institucionalizada no país. As primeiras falsificações das mascotes olímpicas entraram no mercado uma semana após terem sido lançados, em novembro de 2005, e desde então o comitê organizador de Pequim-08 (Bocog) começou sua luta pra combater a prática. O Bocog administra cerca de dois mil artigos de venda relacionados com os Jogos Olímpicos, como camisetas, chaveiros ou canetas, e cada um deles possui um rótulo com um número de série que o distingue dos demais. A medida visa diminuir as chances de falsificações. Para aperfeiçoar a fiscalização, os organizadores colocaram à disposição da população um telefone gratuito para que os cidadãos forneçam informações de qualquer marketing olímpico pirateado. Graças às denúncias dos chineses, os departamentos de administração comercial e industrial descobriram que os piratas não só falsificaram os produtos olímpicos como também os rótulos que até agora serviam para distinguir os produtos originais de suas réplicas. No início do mês, a loja virtual oficial dos Jogos foi lançada. Há ainda 136 pontos de venda autorizados em toda a China, sendo que 46 deles estão localizados na capital. O governo local também aumentou o número de patrulhas e controles nos mercados onde existe a maior concentração de pirataria olímpica.