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Augusto Melo sofre impeachment e não é mais presidente do Corinthians de forma definitiva

Executivo já estava afastado do cargo desde o fim de maio e teve a saída confirmada em uma Assembleia Geral realizada no Parque São Jorge no último sábado (9)

Augusto Melo, presidente afastado do Corinthians - Reprodução / Instagram (@augustomelooficial)

Augusto Melo não é mais presidente do Corinthians, agora de forma definitiva - Reprodução / Instagram (@augustomelooficial)

Augusto Melo não é mais presidente do Corinthians, agora de forma definitiva. O executivo sofreu impeachment em uma Assembleia Geral realizada no clube no último sábado (9). Ao todo, 2.037 sócios votaram no Parque São Jorge, com 1.413 votos a favor do impeachment e 620 contra, além de dois votos em branco e dois votos nulos.

De acordo com a nota oficial do Corinthians, Osmar Stabile seguirá como presidente em exercício “até nova eleição indireta, que será realizada com data a definir pelo Conselho Deliberativo do Clube”.

Melo já estava afastado da presidência do Corinthians desde o final de maio, após uma votação realizada também no Parque São Jorge, em que conselheiros do clube aprovaram o processo de impeachment. À época, 176 conselheiros foram a favor do afastamento, enquanto 57 votaram contra. Houve ainda um voto nulo e mais duas abstenções.

Histórico

Augusto Melo assumiu a presidência do Corinthians no dia 2 de janeiro de 2024. Apenas cinco dias depois, o clube anunciou aquele que foi chamado, à ocasião, de “maior contrato de patrocínio máster do futebol brasileiro” com a casa de apostas VaideBet, com validade de três anos e cifras totais de R$ 370 milhões. Badalado no início, o negócio se transformou, em pouco tempo, em uma das maiores crises da história corintiana.

Os problemas com o acordo começaram ainda em janeiro, quando foi revelada a existência de um intermediário na negociação entre as partes. Até então, acreditava-se que o acordo teria sido feito sem qualquer intermediação, de acordo com o que testemunhas haviam ouvido de Augusto Melo.

A intermediária foi a Rede Social Media Design, empresa de Alex Cassundé, que trabalhou na campanha de Augusto Melo para a presidência por indicação de Sérgio Moura, que depois se tornou superintendente de marketing do clube.

Em abril, o buraco se demonstrou ainda mais fundo. Informações publicadas pela Gazeta Esportiva revelaram que o contrato incluiu também uma comissão de 7% para a intermediária. O Corinthians deveria pagar, portanto, R$ 25,2 milhões para a empresa Rede Social Media Design.

Com as revelações, instaurou-se uma crise política no clube. Rubens Gomes, o Rubão, então diretor de futebol, bem como outros membros da diretoria corintiana, passaram a exigir explicações do presidente. Os impasses resultaram na saída do dirigente.

Laranja

Em maio, o jornalista Juca Kfouri publicou, em sua coluna no UOL, a denúncia de que a Rede Social Media Design, empresa intermediária da negociação, teria pagado mais de R$ 1 milhão para a Neoway Soluções Integradas em Serviços Ltda, empresa acusada de ser laranja pela reportagem.

A empresa teria como sócia Edna Oliveira dos Santos, que vive às custas do Auxílio Brasil, no Jardim Caraminguava, região periférica de Peruíbe, no litoral paulista. A mulher desconhece ser dona da Neoway Soluções Integradas em Serviços Ltda.

Poucos dias após a publicação, Sérgio Moura, então superintendente de marketing do Corinthians, pediu afastamento do cargo por conta das acusações envolvendo o pagamento de comissão à empresa de Alex Cassundé.

Sérgio negou qualquer conduta ilícita e afirmou que tomaria medidas judiciais contra os que o acusaram ou fizeram insinuações sobre sua atuação dentro do Corinthians. O clube, por sua vez, disse “que todas as negociações, incluindo patrocínios, se deram de forma legal com empresas regularmente constituídas” e que “não guarda responsabilidade sobre eventuais repasses de valores a terceiros”.

Rescisão e o início do fim

Com a polêmica crescendo exponencialmente, a VaideBet anunciou o fim do patrocínio em junho, com apenas cinco meses de contrato em vigor. A decisão foi tomada depois da abertura de uma investigação da Polícia Civil sobre um possível repasse de parte da comissão do acordo a uma empresa supostamente utilizada como laranja.

O tempo passou e, após mais uma série de polêmicas, em maio deste ano, o então presidente do Corinthians foi indiciado pela Polícia Civil, juntamente de ex-dirigentes do clube, pelos supostos crimes de associação criminosa, furto qualificado e lavagem de dinheiro.

Além de Melo, foram indiciados no inquérito o ex-diretor administrativo Marcelo Mariano, o ex-superintendente de marketing Sérgio Moura e Alex Fernando André, mais conhecido como Alex Cassundé, que teria sido o intermediário da negociação entre Corinthians e VaideBet.

Com isso, o então presidente foi afastado do cargo, com Osmar Stabile, primeiro vice-presidente do Corinthians, assumindo a função de forma interina.

Agora, com o impeachment oficializado, será o mesmo Stabile que permanecerá no cargo até que uma nova eleição indireta seja realizada.