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Líder digital fora do eixo Rio-SP, Grêmio reforça estratégia nas redes e mira 1 milhão de fãs no YouTube

Clube gaúcho aposta em novos formatos, iniciativas voltadas à Geração Z e exploração de nichos diferenciados para rejuvenescer torcida

Torcedores tiveram chance de jogar com ídolos do clube na Grêmio's League - Divulgação

Torcedores tiveram a chance de jogar com ídolos do clube na Grêmio's League - Divulgação

O Grêmio está prestes a se tornar o primeiro clube fora do eixo Rio-São Paulo a atingir 1 milhão de inscritos em seu canal no YouTube (atualmente conta com 996 mil). A marca é resultado de uma estratégia que prioriza transmissões ao vivo de jogos das categorias de base e do futebol feminino, além da produção de conteúdo próprio com operação interna.

“Saímos de 920 mil e estamos pertinho de 1 milhão. É uma das macroestratégias do clube neste ano”, revelou Paulo Ludwig, gerente de comunicação do Grêmio, em entrevista à Máquina do Esporte.

A iniciativa faz parte de um movimento mais amplo que visa a preparar o clube para uma tendência no futuro no qual, segundo o executivo, cada time deterá os direitos de transmissão de seus jogos.

“Estamos criando cultura no clube para algo que é bem provável que aconteça daqui a alguns anos”, analisou Ludwig.

A operação é enxuta, com uma equipe de 20 pessoas para a produção de conteúdo digital. Não há funcionários terceirizados na operação, que é totalmente conduzida por profissionais contratados diretamente pelo clube.

TikTok

Além do YouTube, outra prioridade do Grêmio é o TikTok, rede social de vídeos curtos em que o Imortal já acumula 1,2 milhão de seguidores. A meta é chegar entre 1,5 milhão e 1,6 milhão até o fim de 2025 e alcançar os 2 milhões no ano que vem.

“O TikTok é um canal que entramos um pouco atrasados, mas percebemos que há margem de crescimento. Até o final do ano podemos estar bem próximos do Vasco”, previu Ludwig.

Atualmente, o time cruz-maltino conta com 13,8 milhões de fãs em suas cinco principais redes sociais, segundo o último Ranking Digital dos Clubes Brasileiros, do Ibope Repucom, divulgado neste mês. O Grêmio, com 12,2 milhões, vem logo atrás, em 7º lugar.

O Tricolor Gaúcho lidera a classificação entre os clubes de fora do eixo Rio-São Paulo, superando equipes como Fluminense e Botafogo, que vêm de conquistas recentes da Libertadores. Neste ano, o Grêmio acabou sendo superado pelo Santos, que viu sua base digital ser inflada pelo fenômeno Neymar.

Ativação do Zé Delivery entregou a bola de jogo com um drone - Divulgação
Ativação do Zé Delivery entregou a bola do jogo da Grêmio’s League com um drone – Divulgação

Grêmio’s League

Além do trabalho nas bases digitais, o Grêmio também tem buscado estabelecer conexão com torcedores da Geração Z, como forma de renovar sua base de fãs. Inspirado no sucesso da Kings League, o time promoveu a Grêmio’s League no último sábado (9).

O torneio, que teve transmissão ao vivo pela GrêmioTV, foi realizado no CT Cristal, em Porto Alegre (RS), onde fica a escolinha de futebol da equipe. Mais de mil ingressos gratuitos foram resgatados pelos torcedores para assistir aos jogos.

O evento, aberto aos torcedores, reuniu seis equipes formadas por ex-jogadores, influenciadores digitais, sócios-torcedores e atletas da base. A competição teve regras alternativas, como entrada progressiva de jogadores, gols com pontuação dobrada e uso de “Alfa Powers”, cartas com poderes especiais utilizadas durante os jogos, em uma ativação da patrocinadora máster, a casa de apostas Alfa.

A competição contou ainda com patrocínio de Zé Delivery, Marquespan, JBL, Olina e Brahma. Em uma das ativações, o aplicativo de entrega de bebidas da Ambev trouxe a bola do jogo com um drone.

“Foi um respiro em um momento de crise [do Grêmio], de se relacionar com outros públicos”, apontou o executivo, referindo-se aos resultados ruins colhidos pelo clube neste ano.

De fato, em 2025, o Grêmio já perdeu o Gauchão para o arquirrival Internacional. Não bastasse isso, vem de eliminações na Copa do Brasil e na Copa Sul-Americana. No Brasileirão, ocupa apenas a 15ª posição, quatro pontos acima do Vasco, o primeiro clube na zona de rebaixamento.

“Foi uma competição relacionada ao Grêmio, mas nossa ideia era que se descolasse do campo do futebol profissional masculino, e gerasse ‘buzz’ e engajamento no público jovem”, destacou Ludwig.

Para ele, essa base de fãs que pode ter perdido o interesse em acompanhar os jogos do Grêmio, pode ser atendida de outras formas.

“Se, para esse público, o futebol profissional já não é mais interessante, temos que criar outros produtos dentro da marca Grêmio para que possamos nos relacionar, e essas pessoas possam se sentir representadas”, explicou.

O sucesso foi tão grande que o clube já projeta realizar uma segunda edição no próximo verão gaúcho.

Grêmio lançou linha de roupas em collab com a Approve - Divulgação
Grêmio lançou linha de roupas em collab com a Approve – Divulgação

Moda

Em outra frente para se aproximar da Geração Z, o Grêmio lançou uma linha de roupas licenciadas em parceria com a marca de streetwear Approve.

A coleção inclui camisetas, moletons, jaquetas, bonés e gorros, disponíveis no site da marca e na GrêmioMania Megastore. A estratégia também busca atingir novos públicos fora do nicho tradicional do futebol.

“Definimos como objetivo procurar bolhas que não transitam dentro do nosso mercado. A collab com influenciadores de moda é parte disso”, contou.

Patrocínios

Outra frente é ativar os canais digitais para ajudar na arrecadação de recursos para o clube. No Rio Grande do Sul, mesmo com mais seguidores nas redes sociais e dominante regionalmente nas pesquisas sobre maiores torcidas, o Grêmio enfrenta dificuldade para obter patrocínios superiores aos do Internacional.

“Há uma máxima de que toda empresa no Rio Grande do Sul que patrocina um time tem que patrocinar o outro com o mesmo valor. Isso está com os dias contados”, afirmou Ludwig.

Ele apontou como exemplo o contrato de patrocínio máster com a Alfa, que inclui cláusulas de desempenho que podem aumentar os valores pagos ao clube.

“Na operação com a Alfa, negociamos com gatilho de recompensa a partir do uso do torcedor. Como temos base maior, sempre tentamos gerar algum tipo de diferenciação”, concluiu.