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Como a agência 1190 Sports tenta internacionalizar o Campeonato Brasileiro

Agência, que detém os direitos do Brasileirão para o exterior até 2027, mira as Américas e busca ampliar o alcance com um modelo híbrido de distribuição

Vitor Roque, do Palmeiras, tenta passar pela marcação de Marçal, do Botafogo, em jogo do Brasileirão - Cesar Greco/Palmeiras

Vitor Roque, do Palmeiras, tenta passar pela marcação de Marçal, do Botafogo, em jogo do Brasileirão - Cesar Greco / Palmeiras

A 1190 Sports, empresa especializada em direitos esportivos, intensificou a estratégia de internacionalização do Campeonato Brasileiro com a retomada dos direitos de transmissão para o exterior a partir desta temporada. O acordo atual, que foi fechado com 19 dos 20 clubes da Série A do Brasileirão, vale até 2027.

Para conseguir rentabilizar com a revenda desses pacotes no mercado internacional, a agência aposta em um modelo de distribuição que combina transmissões lineares, streaming e conteúdo complementar. Segundo Hernan Donnari, CEO da 1190 Sports, o foco para a distribuição do Brasileirão está em mercados com potencial de crescimento, especialmente na América Latina e nos EUA.

“A principal oportunidade e mercado seriam as Américas como um todo, e isso é importante devido ao fuso horário”, afirmou o executivo ao site Sportcal.

A empresa também opera o serviço de streaming Fanatiz, voltado para competições latino-americanas, e busca coexistência entre plataformas OTT (over-the-top) e canais lineares em diferentes idiomas e territórios.

Complexidade

A negociação dos direitos internacionais do Brasileirão envolveu desafios específicos do mercado brasileiro para a 1190. No Brasil, os clubes são divididos em dois blocos: a Liga do Futebol Brasileiro (Libra) e a Liga Forte União (LFU). Não bastasse isso, o Flamengo, integrante da Libra, decidiu negociar os direitos de seus jogos como mandante de maneira independente.

Por conta disso, o pacote adquirido pela 1190 não inclui os jogos em casa do Flamengo, justamente o atual líder do Brasileirão. O time rubro-negro negocia essas partidas em uma plataforma própria de streaming.

“Conseguir garantir a LFU e a Libra para os direitos internacionais foi algo complexo, mas também muito importante para o futuro do futebol brasileiro como um todo”, contou Donnari.

Por trás dessa dificuldade está a eterna tentativa fracassada dos clubes brasileiros conseguirem formar uma liga nacional. O executivo da 1190 admite que esses conflitos e a fragmentação dos direitos dificulta a comercialização internacional.

“É preciso ter um torneio completo com todos os recursos, uma marca única e uma abordagem homogênea em relação ao conteúdo, produção, valor, distribuição, narração, gráficos, transmissão ao vivo, embalagem e mídias sociais”, lamentou.

Distribuição

A agência busca adaptar a oferta de conteúdo às novas demandas do público, como vídeos curtos, melhores momentos e entrevistas. Para isso, opera instalações próprias de produção e coordena estratégias de marketing digital com os clubes.

Donnari acredita que a exclusividade de direitos deve ser tratada com flexibilidade.

“Não faz sentido defender alguns conteúdos exclusivos. Em alguns territórios, isso está mudando”, analisou, citando a Copa do Mundo de Clubes da Fifa, na qual o DAZN sublicenciou os direitos para emissoras locais em diversos países, incluindo o Brasil, com Globo e CazéTV.

A estratégia da 1190 inclui ações de branding para tornar o Brasileirão mais conhecido fora do país sul-americano.

“Embora as pessoas ainda não consigam identificar o logotipo do Brasileirão em uma lista de jogos, a responsabilidade não recai apenas sobre a propriedade em si, mas sobre o detentor dos direitos”, concluiu.