Pular para o conteúdo

Tradicional, pay-per-view pode sumir de UFC e boxe após novos acordos de transmissão

Paramount, DAZN e Netflix adotaram formatos sem cobrança adicional; principal liga de MMA do mundo encerrará PPV nos EUA em 2026

O brasileiro Alex Poatan Pereira comemora a reconquista do cinturão dos meio-pesados após vencer Magomed Ankalaev no UFC 320 - Jeff BottariZuffa LLC

Brasileiro Alex Poatan Pereira comemora a reconquista do cinturão dos meio-pesados após vencer Magomed Ankalaev no UFC 320 - Jeff Bottari / Zuffa LLC

O modelo de pay-per-view (PPV), tradicional nas transmissões de boxe e MMA, passa por uma reavaliação diante dos novos acordos comerciais e mudanças no comportamento do público. A partir de 2026, o UFC deixará de cobrar PPV nos EUA, com todos os eventos numerados e cards do Fight Night disponíveis no Paramount+ para assinantes, sem custo adicional.

A decisão acompanha o movimento de outras plataformas. A Netflix, por exemplo, transmitiu a luta entre Canelo Alvarez e Terence Crawford para mais de 300 milhões de usuários globalmente, sem cobrança extra.

LEIA MAIS: DAZN abandonará pay-per-view para eventos de boxe em busca de maior audiência com modalidade

Já a Arábia Saudita, por meio de Turki Alalshikh e do projeto Riyadh Season, também anunciou que seus eventos não serão mais distribuídos em regime de pay-per-view. A ironia é que, quando esse modelo de transmissão atingiu seu auge, nos anos 1990 e 2000, muitos analistas diziam que, no futuro, toda transmissão esportiva seria via PPV.

Streaming

O UFC assinou um contrato de sete anos com a Paramount, avaliado em US$ 1,1 bilhão por ano. Além do streaming, eventos selecionados terão exibição na CBS em horário nobre.

A Zuffa Boxing, por sua vez, novo projeto do Grupo TKO com apoio de fundos sauditas, também será transmitida pela Paramount sem PPV.

LEIA MAIS: Arábia Saudita se aproxima de criação de liga de boxe em parceria com TKO

“O negócio de pay-per-view tem estado em declínio constante nos últimos quatro ou cinco anos. Era o único caminho há 30 anos, mas agora existem muitas opções”, analisou Patrick Crakes, consultor de mídia estratégica, em entrevista ao site especializado SportsPro Media.

Boxe

A Arábia Saudita tem ampliado sua presença no boxe com investimentos diretos e parcerias com promotores como Eddie Hearn e Frank Warren. O DAZN lançará o “The Ring Pass”, uma assinatura mensal adicional, justamente com apoio do Riyadh Season (temporada de eventos culturais, de entretenimento e esportivos que acontece na cidade de Riad, capital da Arábia Saudita, geralmente entre outubro e março, como uma iniciativa do governo saudita para promover o turismo e a cultura).

“O pay-per-view continua viável no contexto certo. Quando uma luta transcende o esporte e se torna um evento cultural, os torcedores estão dispostos a pagar. Mas esse não pode ser o modelo padrão”, apontou Ben Shalom, CEO da Boxxer, também em entrevista ao site SportsPro Media.

A Boxxer assinou contrato com a BBC para transmissão de lutas na TV aberta, e mantém parcerias com DAZN e Alalshikh para eventos pontuais em PPV.

Mercado

A ESPN não renovou contrato com a Top Rank e perdeu os direitos do UFC, priorizando ligas como NFL, NBA e futebol universitário. A PFL, que adquiriu o Bellator, por sua vez, mantém um modelo híbrido com PPV via ESPN+ para lutas mais desejadas.

“Uma porcentagem significativamente menor do risco está sendo assumida pelas emissoras, o que lhes permite investir com mais confiança e gerar retornos melhores e mais lucrativos”, avaliou Joe Markowski, ex-executivo do DAZN.

A expectativa é de que o futuro das transmissões de esportes de combate seja híbrido, com uso da TV aberta, do streaming por assinatura e do PPV, mas apenas em casos específicos.