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São Paulo reduz endividamento em R$ 55,5 milhões

Clube diminuiu o passivo bancário e projeta superávit com o apoio do fundo estruturado por Outfield e Galapagos

Tapia festeja gol do São Paulo contra o Palmeiras pelo Brasileirão - Paulo Pinto / São Paulo

Gonzalo Tapia festeja gol do São Paulo contra o Palmeiras pelo Brasileirão - Paulo Pinto / São Paulo

O São Paulo divulgou, em um comunicado oficial, uma redução de R$ 55,5 milhões em seu nível de endividamento entre janeiro e setembro de 2025. A diminuição ocorre em meio à operação do Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC), estruturado em outubro de 2024 pelas gestoras Outfield Ventures e Galapagos Capital.

O fundo tem patrimônio líquido total de R$ 400 milhões, dividido entre cotas sênior e subordinada. A cota sênior captou R$ 240 milhões, com custo de capital de CDI + 5% para o clube.

Até setembro, R$ 135 milhões foram integralizados e utilizados para compromissos operacionais e abatimento de dívidas. O São Paulo devolveu cerca de R$ 39 milhões aos investidores, como demonstrativo de que a estrutura estaria funcionando.

Na cota subordinada, o clube é o único cotista, com participação de 40% nos recebíveis descontados. Ainda restam R$ 105 milhões captados e não alocados, que dependem da apresentação de novos recebíveis elegíveis à antecipação.

Dívidas

O relatório gerencial do FIDC aponta que o passivo bancário do São Paulo foi reduzido em aproximadamente R$ 57 milhões até setembro, chegando a níveis inferiores aos de 2022. A dívida com instituições financeiras caiu R$ 56,9 milhões, enquanto o débito com o FIDC teve redução de R$ 2,9 milhões.

Outras reduções incluem parcelamentos, tributos e provisões (R$ 14,9 milhões) e pagamentos relacionados a direitos federativos e intermediações (R$ 2,7 milhões).

Em contrapartida, o clube aumentou suas obrigações trabalhistas e de direitos de imagem em R$ 88,7 milhões, além de compromissos com fornecedores e acordos, que somaram R$ 15,8 milhões.

Covenants

O FIDC estabelece cláusulas contratuais com obrigações e restrições para o São Paulo (covenants) em relação a contrair novas dívidas. O clube não pode aumentar seus débitos em valores superiores a R$ 10 milhões por trimestre sem aprovação do Comitê de Crédito.

Em 2025, o São Paulo contratou uma linha de crédito de R$ 50,6 milhões com o Banco Daycoval, a uma taxa de CDI + 6,74% ao ano, abaixo do custo médio de CDI + 7,13% registrado em 2024. A operação foi aprovada pelo comitê e não configurou quebra de covenant.

Futebol

O São Paulo, porém, ultrapassou os limites de despesas com futebol nos três primeiros trimestres de 2025. O teto estabelecido pelo FIDC era de R$ 293,3 milhões, mas o São Paulo gastou R$ 384,5 milhões, um excesso de R$ 91,1 milhões. A maior parte do desenquadramento ocorreu na operação do futebol profissional.

Para compensar, o clube aumentou a arrecadação com transferências de atletas, que totalizaram R$ 233,1 milhões no período, 2,1 vezes acima do previsto. A expectativa é de maior contenção de gastos com futebol até o fim do ano.

Resultado

Nos dois primeiros trimestres de 2025, o São Paulo registrou prejuízos de R$ 23,1 milhões e R$ 33,6 milhões, respectivamente. No terceiro trimestre, o clube alcançou superávit de R$ 19,9 milhões. O desempenho representa uma melhora em relação ao prejuízo de R$ 287 milhões obtido em 2024.

Entre as medidas adotadas estão redução de gastos com contratações, enxugamento do elenco, renegociação de contratos administrativos e racionalização de despesas operacionais. A diretoria projeta encerrar 2025 com resultado positivo.