O japonês Shohei Ohtani voltou a fazer história neste mês ao conduzir seu time, o Los Angeles Dodgers, de volta à World Series e se consolidar como o atleta de beisebol mais completo da Era Moderna. Aos 31 anos, o japonês é o único jogador contemporâneo da MLB capaz de atuar com excelência como arremessador e batedor (em termos futebolísticos, seria algo como um jogador ser, ao mesmo tempo, o melhor goleiro e o melhor atacante do mundo). Nos playoffs, ele teve uma atuação descrita pela ESPN como “um dos maiores espetáculos da história do esporte”: três home runs e dez strikeouts no mesmo jogo, um feito inédito em quase 150 anos e mais de 225 mil partidas da principal liga de beisebol do planeta.
Esse ápice esportivo se traduz em um impacto comercial sem precedentes. Em 2024, o japonês assinou com a franquia de Los Angeles o maior contrato da história do esporte: US$ 700 milhões por 10 anos, com US$ 680 milhões deles tendo sido diferidos para pagamentos futuros, liberando o caixa imediato do clube para reforçar o elenco.
Um estudo da Universidade de Kansai calculou que o chamado “Efeito Ohtani” movimenta cerca de US$ 780 milhões por temporada entre Japão e Estados Unidos, somando-se merchandising, turismo e patrocínios. Desde sua chegada, os Dodgers registraram um aumento de 35% nas vendas de produtos oficiais e fecharam 12 novos acordos comerciais com empresas japonesas, entre elas All Nippon Airways, Daiso e Oi Ocha. O Dodger Stadium passou a oferecer tours em japonês, produtos personalizados e ativações culturais que transformaram o local em um ponto turístico global (se aprofunde aqui).
Ohtani também se tornou uma potência de marketing individual. É embaixador global da New Balance (foto em destaque) e rosto de campanhas da Decorté Beauty e da Oi Ocha, que, impulsionada por sua imagem, se tornou a bebida oficial da MLB nos EUA e no Japão. Segundo o SportsPro Media, o japonês supera US$ 50 milhões anuais em receitas de patrocínio, sendo um dos cinco atletas mais rentáveis do planeta, ao lado de Lionel Messi, Roger Federer e LeBron James, mesmo não entrando na lista dos 50 atletas mais comercializáveis do mundo (veja mais no número da semana), além de ter sua camisa como a mais vendida da MLB.
Mais do que um fenômeno de performance, Ohtani transformou o beisebol em um produto cultural global. Sua presença reacendeu o interesse de jovens asiáticos pela MLB, multiplicou audiências e abriu um novo eixo econômico entre Tóquio e Los Angeles. O esporte que por décadas foi considerado “local demais” ganhou um novo rosto e uma nova narrativa (já abordamos brevemente sobre o rejuvenescimento da liga via MLB Life em edições passadas da Engrenagem). No cruzamento entre talento, estratégia e identidade, Shohei Ohtani está construindo um dos maiores impérios esportivos e comerciais da história moderna.
O “Efeito Ohtani” em números
- Contrato: US$ 700 milhões por 10 anos (maior da história do esporte)
- Camisa mais vendida da MLB
- Impacto econômico: US$ 780 milhões anuais entre Japão e EUA
- Vendas: +35% na comercialização global de produtos do Los Angeles Dodgers
- Novos patrocinadores japoneses: 12 (ANA, Daiso, Oi Ocha, Toyo Tires e Yakult, entre outros)
- Receita pessoal de patrocínios: US$ 50 milhões por ano
- Turismo japonês em Los Angeles: +90% desde a chegada do jogador
- Audiência da MLB no Japão: +114% em investimento publicitário
O conteúdo desta publicação foi retirado da newsletter semanal Engrenagem da Máquina, da Máquina do Esporte, feita para profissionais do mercado, marcas e agências. Para receber mais análises deste tipo, além de casos do mercado, indicações de eventos, empregos e mais, inscreva-se gratuitamente por meio deste link. A Engrenagem conta com uma nova edição todas as quintas-feiras, às 9h09.
