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GeTV obtém crescimento, mas terá desafio na Copa do Mundo de 2026

Plataforma do Grupo Globo no YouTube enfrentará CazéTV sem os direitos de transmissão do Mundial da Fifa, enquanto a rival terá todos os jogos à disposição

Renato Ribeiro, diretor de Esportes da Globo, e Eduardo Gabbay, diretor de canais esportivos da Globo, durante o Sports Summit - Divulgação

Renato Ribeiro, diretor de esportes da Globo, e Eduardo Gabbay, diretor de canais esportivos da Globo, durante o Sports Summit - Divulgação

A GeTV, canal do Grupo Globo voltado para transmissões esportivas ao vivo no YouTube, ganhou relevância em pouco tempo. A plataforma de streaming completou dois meses no ar nesta quarta-feira (5) exibindo bons números.

“Estamos muito felizes. O mercado respondeu bem. Percebemos isso pelas marcas que estão conosco e pela audiência. Já atingimos 20 milhões de pessoas e 10 milhões de inscritos”, enumerou Renato Ribeiro, diretor de esportes da Globo, em entrevista à Máquina do Esporte durante o Sports Summit, realizado na semana passada, em São Paulo (SP).

Entre o anúncio de que haveria a GeTV e a estreia oficial da nova plataforma houve um intervalo de apenas um mês, tempo bastante curto para os padrões da Globo.

“Quando decidimos que ia acontecer, internamente, foram uns cinco meses. Mas acho que a forma como foi estruturada a empresa nos últimos anos, depois que houve a unificação das redações de esporte, acho que estávamos preparados para ter mais um filho”, apontou Ribeiro.

Desafio

O próximo desafio da GeTV será concorrer de maneira eficiente com a CazéTV, grande rival entre os canais esportivos no YouTube, durante a Copa do Mundo de 2026. Isso porque o canal capitaneado pelo influenciador Casimiro Miguel já assegurou os direitos dos 104 jogos da versão ampliada do Mundial de Seleções da Fifa, com a participação de 48 países.

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Já a Globo conta com os direitos de mídia de 52 partidas, mas apenas para a TV aberta e fechada. A lista de parceiros brasileiros é completada por SBT e N Sports, que adquiriram, em parceria, um pacote menor, de 32 jogos.

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Apesar de não possuir os direitos da Copa do Mundo para exibição no YouTube, a Globo tem investido em transmissões de campeonatos nacionais e entrevistas com atletas e técnicos. A estratégia busca consolidar a Ge TV como uma opção complementar à TV aberta e ao streaming.

“Estamos vendo ainda como será o papel da GeTV. Ela vai estar, de alguma forma, presente na Copa do Mundo”, afirmou o executivo da Globo.

Audiência

A audiência da GeTV tem mostrado crescimento constante, especialmente em jogos do Campeonato Brasileiro e em conteúdos de bastidores. A emissora tem utilizado o canal para ampliar a cobertura esportiva com linguagem adaptada ao ambiente digital, atingindo a Geração Z, a primeira que já nasceu conectada.

Apesar disso, Ribeiro ressaltou que o principal motivo para o lançamento da GeTV não foi a existência desse público que não era atendido plenamente pelos canais lineares da Globo.

“O principal motivo veio das marcas. O mercado estava perguntando por que a gente também não ocupava esse espaço. Essa foi a principal razão que fez a empresa refletir e atender esse pedido”, destacou o diretor da Globo.

“E fazia sentido. Tanto é que antes de entrar [no ar], a gente já tinha marcas parceiras, no dia 1 da Ge TV. Então foi meio para atender essa demanda que o mercado apresentou”, acrescentou o executivo.

A Globo tem priorizado transmissões que possam ser feitas com os direitos já adquiridos para TV e streaming, respeitando os limites de cada contrato. A GeTV, nesse contexto, atua como reforço de cobertura e engajamento.

Equipe da GeTV durante coletiva de imprensa - Reprodução
Equipe da Ge TV durante coletiva de apresentação do projeto para a imprensa – Reprodução / YouTube (@getv)

Modelo

Durante o debate no Sports Summit, Ribeiro comentou sobre o modelo de produção adotado para o canal. Segundo ele, a equipe responsável pela GeTV trabalha de forma integrada com as demais redações da Globo, o que permite agilidade na cobertura e adaptação de conteúdo.

“Nosso ecossistema tem várias plataformas para falar de esporte. Para isso, temos uma equipe tão extensa. Hoje, somos mais ou menos 750 profissionais produzindo diariamente conteúdo”, enfatizou.

Para o executivo, a GeTV chegou para complementar os conteúdos esportivos já veiculados nas demais plataformas da Globo, com uma roupagem própria para atingir o público mais conectado ao ambiente digital.

“Você tem um jogo transmitido no Sportv e na GeTV, nosso filho mais novo. E isso extrapola completamente o ambiente só do futebol. Também tem o site e as redes sociais. Então, são vários tentáculos nossos, que conseguem atingir o público de maneiras diferentes”, analisou.

“Acho que isso é a nossa maior fortaleza, 100 anos depois que tudo começou lá no jornal O Globo”, completou Ribeiro, referindo-se ao centenário da empresa.

Planejamento

Questionado sobre os próximos passos, o diretor de esportes afirmou que a Globo continuará investindo em formatos digitais, mas com atenção às limitações contratuais e ao comportamento do público.

“Vamos seguir com a GeTV dentro do que é possível. O foco é entregar conteúdo relevante, respeitando os direitos que temos e entendendo onde o público está”, revelou.

Para ele, a iniciativa da GeTV mostra mais uma mudança de rota da Globo para atingir novos públicos e se atualizar no mercado esportivo.

“Ao longo dos 100 anos, muita coisa mudou nessa linguagem escrita e depois falada. Veio o audiovisual. Passamos do jornal, ao rádio, à televisão, à internet e ao streaming. Até por isso, neste ano, criamos a GeTV, exatamente para atingirmos da forma adequada, na linguagem adequada, um outro tipo de público”, afirmou o executivo.

“Essa é a nossa essência nesses 100 anos: sempre buscar o público onde ele estiver, na linguagem adequada para ele”, finalizou.