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Futebol feminino: Crescimento visível e acelerado, mas já é possível viver da modalidade no Brasil?

Kin Saito, diretora-executiva de futebol feminino da Federação Paulista de Futebol (FPF), reconhece as dificuldades, mas vislumbra um futuro em que viver da modalidade será a regra, e não a exceção

Corinthians bateu o Cruzeiro na decisão e se sagrou heptacampeão brasileiro de futebol feminino em 2025 - Rodrigo Gazzanel / Ag. Corinthians

É inegável o crescimento do futebol feminino no Brasil. Com transmissão de jogos na TV aberta, participação e investimento de mais clubes e um olhar mais atento de marcas patrocinadoras, é impossível não perceber que a modalidade está em ascensão no país.

No entanto, mesmo com esse crescimento, atletas e dirigentes ainda enfrentam dificuldades para viver exclusivamente de futebol feminino, muitas vezes tendo que trabalhar em diferentes empregos, o que dificulta a profissionalização da modalidade.

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Kin Saito, diretora-executiva de futebol feminino da Federação Paulista de Futebol (FPF), foi a convidada do Maquinistas, podcast da Máquina do Esporte, desta semana e falou sobre os desafios de se viver de futebol feminino no Brasil, além de como isso vem mudando nos últimos anos.

É possível viver de futebol feminino?

Para Kin, a resposta é sim. Porém, a executiva reconhece que esta ainda não é a realidade da maioria das atletas e dirigentes presentes no ecossistema do futebol feminino.

Mesmo bem longe do ideal, a executiva ressaltou que, até muito pouco tempo atrás, a situação era muito pior, e a evolução é perceptível, principalmente no recorte dos clubes da elite do futebol feminino nacional.

“Se você faz um recorte de times do Paulistão Feminino, ou de clubes da primeira divisão nacional, é possível [viver de futebol feminino]. E isso se alonga a quem está dentro de campo, quem trabalha na comissão técnica e até quem está compondo o papel de gestão. Mas, até muito pouco tempo atrás, isso não era a grande realidade”, comentou.

Realidade ainda não unificada

Kin deu o exemplo do torneio Taça Paulistana, competição de futebol feminino organizada pela Federação Paulista de Futebol com o intuito de ampliar o calendário para as equipes de menor expressão.

A executiva ressaltou que os jogos têm que ser realizados necessariamente nos finais de semana, já que muitas atletas, treinadoras e demais pessoas envolvidas com os clubes precisam trabalhar em outros empregos durante a semana.

“A realidade [de viver do futebol feminino] ainda não é uma realidade unificada, infelizmente. Na Taça Paulistana, outra competição de categoria adulta que realizamos, os jogos são realizados propositalmente nos finais de semana, porque a gente sabe que dessas equipes que jogam a Taça Paulistana, podem ter, sim, atletas e profissionais que, durante a semana, estão fazendo outra jornada”, lamentou.

Impossibilidade que se tornou possível

Há pouco tempo, o horizonte era de incerteza e até de impossibilidade para muitas atletas e dirigentes no futebol feminino. Kin reconhece que a realidade na modalidade ainda é dura, porém destacou que o que antes parecia impossível, vem se tornando uma possibilidade para as atletas.

“Não vou aqui viver um ‘Alice no País das Maravilhas’ e achar que todo mundo já vive de futebol feminino. Mas é, sim, uma possibilidade. Tem um aspecto das novas gerações, que é cada vez mais possível, até se tornar uma grande regra para todo mundo”, afirmou.

O episódio do Maquinistas, podcast apresentado por Erich Beting e Gheorge Rodriguez, com a participação de Kin Saito, diretora-executiva de futebol feminino da Federação Paulista de Futebol (FPF), está disponível no Spotify e no canal da Máquina do Esporte no YouTube: