Um tênis que promete revolucionar não a corrida, mas o mercado de corrida é a nova aposta da Nike para a próxima década. Nesta semana, em Beaverton (EUA), na sede mundial da empresa, foram apresentados os dois novos modelos de tênis para corrida da marca: o Free Flyknit e o Free Hyperfeel.
Os dois tênis reforçam a aposta das empresas de material esportivo no calçado minimalista, aquele que não tem quase nenhum amortecimento e é praticamente uma extensão dos pés do corredor.
“O Flyknit é a expressão máxima dos princípios de desempenho natural, combinando a parte superior de ajuste preciso com uma entressola e sola flexíveis que se movem com o pé”, afirmou durante a apresentação do calçado Sean McDowell, diretor criativo da linha de corrida da Nike.
Mas, por trás do discurso da evolução de design há, também, um aspecto mercadológico importante.
Com apenas sete componentes para montar o calçado (a maioria dos modelos disponíveis hoje no mercado é composta por um mínimo de 30 componentes), o Flyknit pode ser montado em qualquer lugar. A trama em tricô é unida com as partes de borracha da sola e, assim, o tênis pode ser fabricado em qualquer país.
A medida, mais do que baratear o custo de fabricação do tênis, reduz a dependência da mão-de-obra estrangeira na confecção do produto. Em outras palavras, o Flyknit acaba com o efeito do “Made in China”, que vem sendo mundialmente combatido pelas práticas de proteção dos mercados.
Com a possibilidade de fabricação do tênis em qualquer país, a Nike já se prepara para, no futuro, modificar até mesmo a forma de produção do calçado. Com a proliferação das impressoras em três dimensões, há até a possibilidade de o tênis ser fabricado diretamente na loja que comercializa o produto.
Em 2012, a empresa já havia apresentado o primeiro modelo do Flyknit, considerado o primeiro grande salto evolutivo da marca no segmento de corrida desde a criação do primeiro tênis da Nike, ainda nos anos 1970, com o solado que imitava um “waffle”.