Para patrocinar 10 dos 12 clubes que disputam a primeira divisão do Campeonato Baiano, a Caixa vai pagar R$ 1,5 milhão à Federação Bahiana de Futebol (FBF). É o primeiro “patrocínio indireto” do futebol brasileiro, porque todas as dez equipes vão levar a marca do banco estatal na camisa, todas as dez equipes vão gastar a verba do aporte, mas ela será depositada na conta da federação, que por sua vez irá repassá-la para cada uma das dez equipes.
O patrocínio tem algumas regras a serem seguidas. Uma: se não usar o logotipo da caixa na camisa, não leva a grana. Duas: o dinheiro será usado exclusivamente para despesas ocasionadas pelo Estadual, como transporte de atletas e hospedagem. Três: quem for mais longe na competição e, portanto, jogar mais vezes, vai ter direito a uma parte maior do R$ 1,5 milhão. A FBF, supervisora do negócio, também incluiu placas na lateral do campo no pacote.
Fazem parte do acordo Galícia, Botafogo, Feirense, Bahia de Feira, Vitória da Conquista, Catuense, Juazeiro, Juazeirense e Serrano.
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Os únicos clubes que não se submetem a todas essas regras são Vitória, dono de um contrato de R$ 6 milhões anuais negociado individualmente com o banco, e Bahia, que negocia com a Caixa há vários meses, mas ainda não conseguiu o patrocínio por não ter as Certidões Negativas de Débito (CNDs). Este é um documento que comprova que todas as dívidas fiscais foram pagas ou, ao menos, renegociadas. Uma estatal só pode fazer um patrocínio a um clube se ele estiver regularizado. Foi esta obrigação que travou várias das negociações do banco até agora.
Na prática, a Caixa consegue colocar sua marca em quase todas as camisas do Campeonato Baiano de uma vez, menos na do Bahia, sem precisar passar pelo burocrático processo de obtenção das CNDs de cada um dos clubes. O banco, via assessoria de imprensa, afirmou que não vai se manifestar a respeito desta manobra.
No anúncio, Ednaldo Rodrigues, presidente da FBF, disse que não poderia revelar o valor do patrocínio por haver uma cláusula de confidencialidade no contrato. Contou, apenas, que a quantia é “semelhante” à que pagava a Embasa (Empresa Baiana de Águas e Saneamento). O que o cartola não mencionou é que todos os contratos da Caixa têm seus valores publicados no Diário Oficial da União (DOU).
O “patrocínio indireto” de R$ 1,5 milhão, da FBF, saiu no diário em 16 de janeiro, junto com outros dois aportes: R$ 1,8 milhão pago à Sportplus a título de “patrocínio à Copa Nordeste” e outro R$ 1,7 milhão, para a mesma agência, como “patrocínio à Copa Verde”, o torneio criado pela CBF para abrigar equipes do Norte, do Centro-Oeste, menos Goiás, e do Espírito Santo, cujos Estaduais são menos populares.