David Cameron, primeiro-ministro do Reino Unido, engrossou as recentes críticas à Nike por causa do preço da camisa que a seleção inglesa vai usar na Copa do Mundo deste ano. O chefe de estado afirmou que a empresa não deveria “tirar vantagem” das crianças que sonham em vestir o uniforme da Inglaterra.
Questionado durante um programa matinal da BBC nesta quinta-feira (3), Cameron disse que as camisas “estão muito caras”. “Eu tenho um filho de oito anos. Ele é fã do futebol. Os pais estão sob enorme pressão para comprar os novos uniformes, e não deviam tirar vantagem de nós”.
É a segunda crítica de um político do alto escalão britânico. Helen Grant, ministra do Esporte, escreveu no Twitter que cobrar 90 libras pela camisa “não é certo”. O porta-voz de Cameron, inclusive, disse a repórteres na última quarta que o primeiro-ministro concorda com a declaração.
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A Nike se defendeu e disse que as camisas de 90 libras representam a menos de 1% dos estoques que estão sendo colocados à venda. Há versões “para torcedores”, menos tecnológicas e mais numerosas no mercado, disponíveis por 60 libras cada. Os uniformes para crianças de oito a 15 anos, por sua vez, custam 42 libras.
A Football Association (FA), federação que rege o futebol na Inglaterra e comanda a seleção nacional, pulou fora da polêmica. A entidade alegou que não tem nenhum envolvimento na precificação das camisas. A Nike, também fornecedora de Portugal, vende os uniformes da seleção portuguesa pelos mesmos preços. “A FA é uma organização sem fins lucrativos que põe 100 milhões de libras de volta no jogo todo ano. É por causa de relações como a que temos com a Nike que podemos ter este nível de investimento no futebol”, escreveu a entidade em um comunicado.
Qual é o problema?
Dois foram os argumentos usados por britânicos para detonar a Nike. O primeiro é que, na década de 2000, as camisas da seleção inglesa custavam 30 libras, um terço do preço atual. No Brasil, ela sai por R$ 349,90. O segundo é que o intervalo entre o lançamento de dois uniformes foi mais curto. A FA havia se habituado a lançar uma nova coleção só depois de 18 meses do lançamento da anterior. Desta vez, o prazo foi menor que um ano. O último uniforme titular saiu em maio do ano passado e só foi usado sete vezes. O reserva foi lançado em junho e só foi a campo duas vezes.