Repare que a camisa do São Paulo trocou bastante de patrocinador na barra traseira nos últimos jogos. Na vitória contra o Flamengo do último domingo (18), esteve ali a marca da Divena, uma concessionária da Mercedes-Benz. No clássico com o Corinthians, no domingo passado, entrou a Cotação, uma agência de turismo. Diante do CRB, na quarta-feira anterior, foi a vez da Sil, fabricante de fios e cabos elétricos. Este troca-troca de patrocinadores pontuais tem explicação: é o primeiro reflexo do trabalho de Marcelo Pepe Santos, novo diretor comercial são-paulino.
Carlos Miguel Aidar, novo presidente, decidiu que a diretoria de marketing não vinha tendo muito sucesso em vender as propriedades que o time tem à disposição e criou uma diretoria comercial. Em outras palavras, o departamento comandado por Rui Branquinho, um publicitário, não gerava tanto dinheiro quanto o novo chefe gostaria. Ele, então, contratou Pepe para vender tudo o que estiver disponível. Da camisa ao estádio Morumbi. Por dez anos ou um jogo só.
A postura do diretor comercial é sensivelmente diferente da de outros dirigentes são-paulinos. Em uma conversa de cerca de 30 minutos por telefone com a Máquina do Esporte, o dirigente deu várias versões da mesma frase para explicar por que foi contratado: ele chegou para vender. Pensar na imagem do clube, no relacionamento com o torcedor, enfim, o planejamento é com o marketing. “A conta chega no fim do mês de qualquer jeito, então temos que criar receitas. Eu tenho propriedades para vender e vou vendê-las. Vou tratar o futebol sem paternalismo”, resume.
Ele trabalhou por mais de oito anos na Technomarine Brasil, uma marca de relógios, e mais um ano na Bvlgari, uma marca de perfumes, em ambas como diretor comercial. Cuidava, basicamente, de venda e pós-venda, ambas funções que diz desempenhar no São Paulo.
O período ainda é um pouco turbulento. O São Paulo está prestes a perder o patrocínio máster da Semp Toshiba, uma informação que Pepe não comenta, e a diretoria comercial ainda é muito fresca. Ainda divide funcionários com o marketing, por exemplo. Com o ritmo de negociações que resultou em três patrocínios pontuais em somente três semanas de trabalho, não sobrou muito tempo para organizar a casa. O plano do clube é usar o período de inatividade forçado pela Copa do Mundo para planejar. Vão sentar numa mesa Julio Casares, vice-presidente de marketing, Ruy Barbosa, novo diretor desta área, Douglas Schwartzmann, diretor de comunicação, e o próprio Pepe, entre outros profissionais, para definir detalhadamente o futuro da gestão são-paulina.
Até esta reunião não há nada muito específico para revelar, segundo o diretor comercial, então ele abriu apenas algumas ambições pessoais. Ele quer tornar patrocínios da camisa na terceira fonte de receita – hoje é a segunda, atrás só da TV. O que vai ultrapassá-los, ele não sabe. Podem ser licenciamentos, uma área que ele pretende revisar: refazer contratos, se preciso, para que rendam mais dinheiro aos cofres do time. Pode ser o estádio, no qual pretende marcar shows que dispensem o uso do gramado para não prejudicar o futebol. “Também tenho a mídia digital, pouco explorada”, cita Pepe. Ainda não dá para ser muito específico, de acordo com ele. Até a Copa.