Com os novos estádios, os clubes brasileiros têm adotado, com frequência, altos preços nos ingressos. O espelho, muitas vezes, é o futebol europeu, mas esse também não está livre de discussões a respeito.
No último fim de semana, o presidente da Federação de Torcedores de Futebol da Inglaterra, Kevin Miles, foi taxativo quanto ao tema, em entrevista ao jornal “The Independent”. “O aumento no preço dos ingressos pode levar à perda de uma geração de torcedores”, afirmou à publicação.
A ideia de Miles é que ser um torcedor regular é algo que vem da vida jovem de uma pessoa. Só que um inglês entre 18 e 24 anos ganharia, em média, 2 mil libras, e a média de season ticket mais barato da Premier League é de 526 libras. Logo, a presença de mais jovens é dificultada, e a sustentabilidade do futebol inglês estaria em risco.
A discussão surge novamente na Inglaterra após o aumento de 6,5% na média do season ticket mais barato. E, recentemente, o ex-presidente do Bayern de Munique, Uli Hoeness, voltou a atacar a política de ingressos dos ingleses. “Futebol tem que ser para todos. Essa é a principal diferença entre nós e a Inglaterra”, ressaltou.
A influência das associações de torcedores tem diferenças entre os países. Na Inglaterra, elas encontram dificuldades nas demandas. Na Alemanha, foi graças à pressão das associações que algumas medidas foram adotadas com sucesso, entre preços populares e ausência de cadeiras em setores das arenas.
A defesa dos clubes ingleses é a alta taxa de ocupação nos estádios da Premier League, mesmo com os preços elevados. Na última temporada, a média foi de 97,5%.