A LFP (Liga de Futebol Profissional) intensificou a pressão sobre o Ministério da Fazenda da Espanha para conseguir adiar o pagamento da dívida dos clubes da primeira e segunda divisão. Segundo cálculos da entidade, o montante chega a € 432,5 milhões (R$ 1,3 bilhão).
É um problema grave para uma liga que foi a terceira mais rentável da Europa no ano passado, atrás apenas de Alemanha e Inglaterra. O Campeonato Espanhol movimentou € 1,9 bilhão.
Os 20 clubes da primeira divisão acumulam dívida de € 300 milhões, enquanto os 22 da Série B devem mais € 133 milhões.
O Atlético de Madri, atual campeão espanhol, é quem tem mais obrigações pendentes, um total de € 107 milhões, que já foi refinanciado. Ele é seguido por Deportivo La Coruña (€ 63 milhões), Espanyol (€ 45,4 milhões) e Rayo Vallecano (€ 34,3 milhões).
Real Madrid e Barcelona, que controlam a maior parte da arrecadação do Campeonato Espanhol, não têm dívida fiscal. Já o Osasuna, com dívida de € 47 milhões, elevaria o total a € 480 milhões, mas a viabilidade fiscal da equipe depende da Fazenda Foral, que cuida da administração fiscal do antigo Reino de Navarra, com negociação separada do Ministério da Fazenda da Espanha.
De acordo com a LFP, nos últimos 15 meses, os clubes reduziram € 170 milhões no total da dívida. Fontes do Ministério da Fazenda, porém, afirmam que esse valor não é o correto. Para o ministério, no final de junho, a dívida dos clubes era de € 564 milhões, uma redução de apenas 15% em um ano. Segundo a pasta, o governo reduziu as obrigações em € 99 milhões.
A Agência Tributária negocia um calendário de pagamentos a partir do cumprimento de uma série de obrigações. De qualquer maneira, essa redução da dívida não é suficiente para o futuro do modelo de negócio do Campeonato Espanhol.
“Se a Agência Tributária não aprovar o adiamento da dívida, a liga será obrigada a punir os clubes e a expulsar-lhes da competição”, advertiu Javier Tebas, presidente da LFP.
No momento, um montante de € 200 milhões da dívida dos clubes da Série A são de pagamentos adiados. Esse total cai bastante em relação aos times da Série B, que atrasaram apenas 3,8% do que devem.
Em busca de aumentar o lobby dos clubes, a LFP se reuniu com parlamentares tentando sensibilizá-los para o problema. “Essa situação nos preocupa. Sabemos que adiar o pagamento é uma solução. Se não for possível, os clubes irão fechar, e a Fazenda não vai receber o que lhe é devido”, afirmou Tebas.
A briga deve ter novos rounds, já que o Ministério da Fazenda reiterou que os clubes não podem adiar indefinidamente o pagamento das dívidas.