Apesar de punições da Fifa, há manifestações racistas quase todos os dias no futebol europeu. E elas não vêm exclusivamente de torcidas xenófobas ou neonazistas. Aqueles que administram o futebol têm mostrado, nos últimos tempos, despreparo.
Willy Sagnol, técnico do Olympique de Marselha, recentemente fez elogios aos jogadores negros, mas expôs seu racismo. “A vantagem do típico africano é que ele não é caro para se contratar e possui muita força. Mas futebol não é só isso. É também técnica, inteligência e disciplina.”
A declaração gerou chuva de críticas, encabeçada por Liliam Thurram, seu ex-companheiro de seleção francesa. “É prejudicial que alguém possa falar que falta aos ‘jogadores negros’ essa ou aquela qualidade”, reclamou a ONG SOS Racismo.
Declaração ainda mais infeliz foi dada por Carlo Tavecchio. Durante a campanha à presidência da federação italiana, o dirigente reclamou do pouco espaço dado aos jogadores nacionais no país. “Na Inglaterra eles identificam os talentos e os tornam profissionais. Aqui, em vez disso, temos ‘Opti Poba’, que já comeu bananas, e de repente vira titular da Lazio”, ironizou o dirigente, referindo-se a um jogador africano fictício.
Pela declaração, a Fifa o suspendeu por seis meses de exercer qualquer cargo na entidade.
Manifestações racistas de torcedores são influenciadas por comentários irresponsáveis como os de Sagnol e Tavecchio. Se o futebol quiser realmente banir dos gramados o preconceito, terá que aprender a gerir melhor sua imagem, dando lições sobre multiculturalismo a técnicos e dirigentes.