Cruzeiro e Atlético Mineiro decidem nesta quarta-feira o título da Copa Sadia do Brasil. Em campo, os times vivem um momento histórico. O Cruzeiro conseguiu um inédito bicampeonato brasileiro no último domingo e o Atlético vem da conquista da Libertadores em 2013. Fora de campo, no entanto, a briga pelos ingressos de visitantes expõe as diferenças entre os clubes.
A falta de acordo pelas entradas escancarou mais uma vez o espírito folclórico do presidente atleticano Alexandre Kalil, contra uma maior discrição do mandatário rival, Gilvan Tavares.
Após o título, Tavares fez questão de enaltecer o planejamento do time, formado a partir de 2012. Neste ano, Kalil sustentou mais um episódio quase cômico, quando anunciou a contratação do francês Nicolas Anelka. O jogador nunca chegou a pisar na Cidade do Galo.
Uma das maiores diferenças entre os dois clubes atualmente está na preocupação com a imagem. O Cruzeiro é um dos times brasileiros que dá bastante atenção ao seu departamento de marketing, comandado há quatro anos pelo executivo Marcone Barbosa.
Um dos frutos dessa preocupação está nos programas de sócio-torcedor dos dois times. Hoje, o Cruzeiro tem o dobro de associação em relação ao rival, mesmo com torcidas divididas no mercado mineiro.
Marketing, por sinal, já foi alvo de uma declaração polêmica de Kalil. Em 2011, o dirigente afirmou que “marketing era coisa vigarista”. No ano anterior, o presidente desativou todo o departamento do Atlético, com a alegação de que havia prejuízo de R$ 4 milhões por ano com a área.
Outra decisão que afastou os clubes foi o uso de novas arenas. O Cruzeiro acertou com a Minas Arena, o Mineirão, com direito de arrecadação de maior parte da bilheteria do estádio com mais de 55 mil cadeiras.
Já o Atlético-MG fechou com a Luarenas, que administra a Arena Independência, para dividir os ganhos de todas as propriedades comerciais do estádio de cerca de 20 mil pessoas. Ainda assim, Kalil já fala em planos de construção de um estádio próprio, em projeto que deve ser gerido pela próxima direção do clube.
Mesmo com todas as diferenças, os ganhos dos clubes rivais têm semelhanças. A receita com o futebol é praticamente a mesma, desconsiderando venda de jogadores. Os times têm contratos de televisão semelhantes e compartilhavam o mesmo acordo com o BMG, patrocínio máster que deixará as equipes em 2015.
Para um novo patrocínio, é possível que as equipes tenham que deixar as diferenças de lado e negociar em conjunto. No Rio Grande do Sul, Internacional e Grêmio usam essa estratégia com sucesso. Basta saber se em Minas isso será possível. Com a briga gerada na final da Copa do Brasil, é difícil de acreditar nisso.
Atlético-MG | Cruzeiro | |
Receita com Futebol* | R$ 147 milhões | R$ 150,1 milhões |
Patrocínio | R$ 25,3 milhões | R$ 22,5 milhões |
TV | R$ 71,2 milhões | R$ 60 milhões |
Sócio Torcedor | 33,2 mil | 66,7 mil |
*Não inclui venda de jogador.